O mercado financeiro foi surpreendido com a decisão do Banco Itaú de retirar Cândido Bracher do cargo de CEO da instituição. Às vésperas de completar 62 anos, o executivo será retirado da função pois atingiu a idade limite definida pelo estatuto do banco para um executivo nesse posto. Essa notícia levanta uma discussão importante sobre sucessão empresarial e a decisão do momento certo de “passar o bastão” da empresa.
A retirada do Bracher da função de CEO foi recebida com surpresa porque, hoje em dia, uma pessoa na faixa dos 60 anos segue no pique de sua produtividade e, como é possível observar por meio dos resultados do banco, a troca não foi relacionada com o desempenho. Certamente um executivo mais jovem assumirá a função. Trazendo essa realidade para as empresas familiares, o fundador do negócio só conseguirá se afastar da direção caso consiga colocar um herdeiro com capacidade igual a ele no lugar.
Fixar uma idade para “se aposentar” do próprio negócio é um critério bastante subjetivo. Por isso, é importante que, quem tem a intenção de diminuir o ritmo ou até de deixar frequentar a empresa como chefe, a partir de determinada data deve começar a definir o plano sucessório. Essa ferramenta de gestão e jurídica vem para garantir a perenidade e estabilidade da pessoa jurídica e das famílias envolvidas com o negócio.
A sucessão, quando bem planejada e executada, protege a empresa familiar em momentos de crise como o enfrentado com a pandemia durante esse ano. Profissionalizar a gestão e preparar as novas gerações dá estabilidade ao negócio em momentos decisivos como uma crise econômica ou a perda de um fundador. O resultado desse investimento em sucessão pode ser visto no Estudo Family 1000 divulgado pelo Credit Suisse: por meio de estratégias de gestão e investimento a longo prazo, as empresas familiares foram as mais lucrativas durante a pandemia da Covid-19.
Vale lembrar que “passar o bastão” de forma planejada contribui ainda para conter o furor arrecadatório do Estado sobre as empresas. Organizar o patrimônio e profissionalizar a gestão por meio do planejamento sucessório é fundamental para a adequação de custos com impostos.
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O autor é advogado especialista em Sucessão Empresarial e Familiar
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