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É médica psiquiatra e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria e da Associação Psiquiátrica do ES

O que é demência frontotemporal (DFT), a doença que afeta Bruce Willis

É a principal causa de demência em pessoas com menos de 60 anos. Alguns começam a apresentar os sintomas da DFT já aos 45 anos

  • Maria Benedita Reis É médica psiquiatra e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria e da Associação Psiquiátrica do ES
Publicado em 24/02/2023 às 11h21
Ator Bruce Willis
O ator Bruce Willis. Crédito: William Volcov/Brazil Photo Press/Folhapress

Nos últimos dias, a imprensa mundial tem publicado sobre a interrupção da carreira, por problema de saúde, do ator Bruce Willis, protagonista de filmes como "Duro de Matar" e "O Sexto Sentido". 

Já em março de 2022, a família do ator anunciou sua aposentadoria devido a um diagnóstico de afasia, que é um transtorno da linguagem que causa prejuízo na comunicação, devido a um dano cerebral.

Quase um ano depois, a família revelou que o ator, de 67 anos, sofre de demência frontotemporal (DFT).

A DFT é um tipo de demência é uma doença progressiva, ainda sem tratamento específico, que acomete pessoas em idade mais precoce do que a demência mais conhecida, que é a Demência de Alzheimer (DA). A DFT costuma aparecer antes dos 60 anos, acometendo as pessoas em uma fase produtiva da vida. É a principal causa de demência em pessoas com menos de 60 anos. Alguns começam a apresentar os sintomas da DFT já aos 45 anos.

É uma doença que afeta os lobos frontais e temporais do cérebro, levando a mudanças no comportamento da pessoa e a alterações na linguagem, dependendo se o acometimento é mais frontal (alterações do comportamento) ou mais temporal (alterações da linguagem). Algumas pessoas passam a apresentar verdadeiras mudanças no comportamento social e em sua personalidade, causando estranheza aos familiares e colegas de trabalho. É comum a perda da crítica, do crivo social, levando a situações algumas vezes vexatórias.

O que é a demência frontotemporal?

Como as demais demências, é uma doença neurodegenerativa e progressiva, que atinge o cérebro da pessoa. Ocorrem atrofias nas regiões frontais ou temporais do cérebro, ou em ambas. O paciente pode começar com alterações na fala ou na compreensão, como ocorreu com Bruce Willis, e depois passa a apresentar alterações comportamentais, ou as alterações no comportamento precedem as alterações na linguagem.

De maneira simplificada, pode-se dividir a doença em três variantes:

Variante comportamental: alterações no comportamento e nas emoções são as primeiras a surgir. É comum o paciente perder o filtro social e apresentar comportamentos constrangedores. Também pode passar a apresentar uma indiferença afetiva, com perda da empatia. É comum a hiperssexualização.

Variante semântica da afasia: a pessoa perde a capacidade de compreender as palavras e até o nome dos objetos.

Variante não fluente (ou agramática) da afasia: a pessoa passa a ter dificuldade de se expressar pela linguagem. A pessoa entende, mas a fala fica prejudicada e alguns ficam mudos, com o avançar da doença.

A DFT não leva à perda significativa da memória, como acontece na Doença de Alzheimer. A principal alteração é a mudança de comportamento, como se mudasse de personalidade.

Causas

No cérebro das pessoas com DFT ocorre um acúmulo anormal de três tipos de proteínas: TAU, FUS e TDP-43, o que leva à atrofia e morte de neurônios, causando os sintomas da doença. As pesquisas indicam a possibilidade de haver um forte componente genético, como causa de tais alterações.

Diagnóstico

O diagnóstico é predominantemente clínico, pela observação médica, a partir dos relatos de familiares. Exames de imagem ajudam no diagnóstico. A DFT pode ser confundida com algumas doenças psiquiátricas, como a depressão e o transtorno bipolar.

Tratamento

Não há, ainda, tratamento medicamentoso para a DFT. Porém, os sintomas podem ser controlados com medicamentos.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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