Nos últimos dias, a imprensa mundial tem publicado sobre a interrupção da carreira, por problema de saúde, do ator Bruce Willis, protagonista de filmes como "Duro de Matar" e "O Sexto Sentido".
Já em março de 2022, a família do ator anunciou sua aposentadoria devido a um diagnóstico de afasia, que é um transtorno da linguagem que causa prejuízo na comunicação, devido a um dano cerebral.
Quase um ano depois, a família revelou que o ator, de 67 anos, sofre de demência frontotemporal (DFT).
A DFT é um tipo de demência é uma doença progressiva, ainda sem tratamento específico, que acomete pessoas em idade mais precoce do que a demência mais conhecida, que é a Demência de Alzheimer (DA). A DFT costuma aparecer antes dos 60 anos, acometendo as pessoas em uma fase produtiva da vida. É a principal causa de demência em pessoas com menos de 60 anos. Alguns começam a apresentar os sintomas da DFT já aos 45 anos.
É uma doença que afeta os lobos frontais e temporais do cérebro, levando a mudanças no comportamento da pessoa e a alterações na linguagem, dependendo se o acometimento é mais frontal (alterações do comportamento) ou mais temporal (alterações da linguagem). Algumas pessoas passam a apresentar verdadeiras mudanças no comportamento social e em sua personalidade, causando estranheza aos familiares e colegas de trabalho. É comum a perda da crítica, do crivo social, levando a situações algumas vezes vexatórias.
O que é a demência frontotemporal?
Como as demais demências, é uma doença neurodegenerativa e progressiva, que atinge o cérebro da pessoa. Ocorrem atrofias nas regiões frontais ou temporais do cérebro, ou em ambas. O paciente pode começar com alterações na fala ou na compreensão, como ocorreu com Bruce Willis, e depois passa a apresentar alterações comportamentais, ou as alterações no comportamento precedem as alterações na linguagem.
De maneira simplificada, pode-se dividir a doença em três variantes:
Variante comportamental: alterações no comportamento e nas emoções são as primeiras a surgir. É comum o paciente perder o filtro social e apresentar comportamentos constrangedores. Também pode passar a apresentar uma indiferença afetiva, com perda da empatia. É comum a hiperssexualização.
Variante semântica da afasia: a pessoa perde a capacidade de compreender as palavras e até o nome dos objetos.
Variante não fluente (ou agramática) da afasia: a pessoa passa a ter dificuldade de se expressar pela linguagem. A pessoa entende, mas a fala fica prejudicada e alguns ficam mudos, com o avançar da doença.
A DFT não leva à perda significativa da memória, como acontece na Doença de Alzheimer. A principal alteração é a mudança de comportamento, como se mudasse de personalidade.
Causas
No cérebro das pessoas com DFT ocorre um acúmulo anormal de três tipos de proteínas: TAU, FUS e TDP-43, o que leva à atrofia e morte de neurônios, causando os sintomas da doença. As pesquisas indicam a possibilidade de haver um forte componente genético, como causa de tais alterações.
Diagnóstico
O diagnóstico é predominantemente clínico, pela observação médica, a partir dos relatos de familiares. Exames de imagem ajudam no diagnóstico. A DFT pode ser confundida com algumas doenças psiquiátricas, como a depressão e o transtorno bipolar.
Tratamento
Não há, ainda, tratamento medicamentoso para a DFT. Porém, os sintomas podem ser controlados com medicamentos.
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