No ano de 2020, cada membro das comunidades escolares, dos alunos aos professores e demais profissionais que fazem a educação no Brasil, receberam merecidos diplomas de inovação, adaptação a mudanças e flexibilidade para educar diante de um cenário pandêmico. Mesmo tudo isso tendo sido tão intenso, a certeza que temos é que ainda mais mudanças chegarão em 2021. Isso porque entrará em vigor o Novo Ensino Médio, que traz o termo aluno protagonista, citado não à toa 46 vezes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), para o centro da nossa missão de educar.
Traduzindo esse extenso e fundamental documento, sai aquele professor condutor e entra em cena o aluno autônomo que não espera, mas vai em busca, que não copia modelos, mas os sedimenta e constrói novos degraus de conhecimento. Na prática, isso potencializa a evolução dos métodos de ensino, visto que a sala de aula tradicional passiva dá espaço aos projetos e às metodologias ativas e colaborativas.
Novidades também na carga horária, que passa de 800 para mil horas anuais, e no currículo, então dividido em duas áreas: 60% do tempo de formação geral básica, parecida com a atual, mas com conteúdos menos profundos; e 40% de itinerários formativos em quatro eixos: investigação científica, processos criativos, mediação e intervenção sociocultural, e empreendedorismo. É nesse ponto, acreditamos, que provavelmente morarão os maiores questionamentos até haver o entendimento mais completo da grande mudança de paradigma proposta pelo Novo Ensino Médio. Positiva, aliás, é importante dizer.
Mas não para por aí. O tamanho do desafio se mostra ainda mais evidente quando se reflete sobre a importância de não trabalhar os conteúdos de forma fragmentada. No Novo Ensino Médio, apesar dos nomes poderem ser mantidos, não existem mais as disciplinas de química, física e biologia, mas de Ciências da Natureza. Isso exige uma interdisciplinaridade elevada ao nível máximo.
E o que dizer do fato de não termos no Brasil professores formados em Ciências da Natureza, mas em química, física e biologia? Mais do que reflexão, será preciso muita formação e construção para todos conseguirem pensar na integralidade do processo, tendo ainda materiais didáticos adaptados para trabalhar nessa nova perspectiva.
Visto que a previsão é de que já em 2023 o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também contemple esse novo currículo, a transição para o Novo Ensino Médio deve ter início já em 2021 nas primeiras séries.
A despeito de toda reviravolta que isso implica e da necessidade de grande mobilização, tirando todos os envolvidos com a educação da zona de conforto, mesmo em meio a uma pandemia que tanto dividiu o nosso foco em 2020, o sentimento é de total otimismo. Afinal, num mundo que muda intensa e rapidamente, a formação de um novo e mais preparado aluno egresso do Ensino Médio é uma das grandes necessidades do mundo contemporâneo que ajudaremos a resolver.
O autor é diretor pedagógico do Centro Educacional Leonardo Da Vinci
Este vídeo pode te interessar
LEIA MAIS ARTIGOS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.