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Rodrigo é especialista em finanças públicas e conselheiro da Transparência Capixaba. Adila é diretora executiva da Transparência Capixaba

O que explica o bom nível de transparência da Assembleia Legislativa do ES

Um dos destaques positivos do legislativo capixaba é a transparência na base de dados dos salários dos parlamentares e de seus assessores

  • Rodrigo M. Rossoni e Adila Damiani Rodrigo é especialista em finanças públicas e conselheiro da Transparência Capixaba. Adila é diretora executiva da Transparência Capixaba
Publicado em 27/05/2023 às 10h00
Data: 02/01/2020 - ES - Vitória - Sede da Assembléia Legislativa do ES - Editoria: Política - GZ
Sede da Assembléia Legislativa do ES . Crédito: Carlos Alberto Silva

A exemplo do que aconteceu em 2022, quando a Transparência Internacional - Brasil avaliou o Índice de Transparência e Governança Pública (ITGP) do poder executivo estadual e federal, a população acaba de saber também como anda o nível de transparência das assembleias legislativas dos 27 estados brasileiros.

Por meio do Guia de Boas Práticas em Transparência e Governança Pública para o Poder Legislativo, a organização estabeleceu as orientações para a avaliação dos 62 indicadores contidos na metodologia desenvolvida com base nas melhores experiências internacionais de integridade governamental.

E a Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) foi bem, ficando em segundo lugar no ranking nacional com 71 pontos, atrás apenas do Distrito Federal. O índice é considerado bom pela Organização Não Governamental.

Um dos destaques positivos do legislativo capixaba é a transparência na base de dados dos salários dos parlamentares e de seus assessores. Os esquemas conhecidos como “rachadinha”, nome popular dado ao crime de peculato, quando um parlamentar fica com parte dos salários dos assessores, podem ser prevenidos quando a população tem acesso a essa informação de forma clara.

Mas a Ales também se destacou pelo assistente virtual que possui em seu portal de transparência e pela divulgação das informações em dados abertos - que permitem maior liberdade e acesso às informações, sendo possível inclusive a manipulação em diferentes ferramentas de apresentação de dados.

Por outro lado, dois pontos importantes precisam de mais atenção por parte da nossa Casa de Leis: o primeiro é a proteção ao denunciante de casos de corrupção e desvios. O controle social é exercido pela população e, para tanto, é preciso garantir que as pessoas se sintam seguras de que não sofrerão represálias, perseguições ou ameaças por denunciarem os agentes públicos que cometem atos de improbidade administrativa.

O segundo é a falta de regulamentação do lobby, que é a interação dos parlamentares com grupos de interesse. Quanto mais transparentes forem esses encontros, mais a população terá a possibilidade de compreender a quem servem os interesses de nossos parlamentares, pois sabemos que - nem sempre - as demandas que chegam aos deputados e às deputadas possuem finalidades republicanas.

A questão do lobby no Brasil precisa ser mais bem compreendida e regulamentada, pois da forma como se dá, historicamente, testemunhamos grandes grupos econômicos agindo em oculto para que o parlamento trabalhe em prol de suas ambições. Não é por acaso que nenhuma das 27 assembleias apresenta regulamentação nesse sentido.

Apesar de haver espaço para avançar ainda mais, uma vez que se espera o nível de excelência nesse tipo de avaliação, reconhecemos, por fim, o bom resultado alcançado pela Assembleia Legislativa capixaba, uma das quatro únicas a alcançar índices satisfatórios de transparência, com pontuação muito superior à média nacional que ficou em 42,70 pontos.

Recebemos com contentamento a avaliação feita pela Transparência Internacional, que estabelece parâmetros e critérios claros para contribuir para o controle social em nosso estado. A Transparência Capixaba, utilizando a mesma metodologia do ITGP, também havia aplicado a avaliação aos 78 portais municipais das prefeituras capixabas em 2022, e agora terá uma base importante para, futuramente, aplicar também aos legislativos municipais.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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