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É presidente da Findes

O que falta para ES e Brasil saírem da agenda de desenvolvimento do século XX?

O setor produtivo, em especial a indústria, se coloca hoje como uma ferramenta importante para que o Espírito Santo e o Brasil fortaleçam a sua economia

  • Paulo Baraona É presidente da Findes
Publicado em 07/03/2025 às 10h00

Mais de duas décadas já se passaram desde que entramos no século XXI. Mas, apesar do tempo, ainda discutimos uma agenda que está com seus pés fincados no século passado. Estamos vivendo a era das tecnologias disruptivas, da economia digital e da transição energética, porém, outros temas do “passado” ainda precisam ser superados para que o Brasil e, por consequência, o Espírito Santo tenham um desenvolvimento socioeconômico cada vez maior e mais veloz. Entre eles, destaco dois: a infraestrutura e a integração nacional.

Com infraestrutura quero dizer não apenas a parte de logística, com a melhoria e ampliação das rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Mas também tudo o que contempla esse conceito, como o saneamento básico, fundamental para a melhoria da saúde e da qualidade de vida da população, e a geração e distribuição de energia. Sim, temos desafios grandes a serem enfrentados, mas ainda possíveis de serem superados.

Primeiro, preciso falar sobre a universalização do saneamento básico. Essa é uma meta estabelecida desde meados do século XX e que não foi alcançada por nenhum estado do país. Muitos projetos e programas nessa área foram apresentados, porém, sair do papel é outra história. Ainda hoje, mais de 30 milhões de pessoas não têm acesso a água tratada no Brasil. Além disso, 47,8% dos esgotos no país não são tratados. Os dados são do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Snisa).

Quando olhamos para iniciativas nesse sentido, vemos o quanto o setor produtivo vem contribuindo positivamente com essa agenda. Segundo o Snisa, os municípios capixabas com concessão têm melhores indicadores que os demais. Isso se deve ao fato de que os investimentos médios per capita mais que dobraram no período de concessão, com um salto entre 2020 e 2022.

Já no caso da infraestrutura logística vimos projetos de grande relevância para o Brasil se arrastando ao longo dos anos. Entre eles a melhoria e duplicação das BRs 101 e 262, duas das mais importantes rodovias do país, e melhoria da malha ferroviária, que continua a mesma no Espírito Santo desde 1970.

No caso da BR 262, o trecho que liga Vitória a Belo Horizonte (MG) foi concluído em 1968 e até hoje preserva o seu traçado original. De lá para cá os avanços foram limitados: recapeamento da via em alguns trechos, sinalização e melhorias pontuais. Estamos aguardando ansiosamente para que essa que é uma das principais vias de escoamento de produtos e que liga Vitória a Corumbá (MG), seja duplicada e, por consequência, mais segura, reduzindo o índice de fatalidades para os usuários.

É superando desafios como esse que cada vez mais teremos iniciativas que conectarão o Espírito Santo com o país. Estou falando de ter integração nacional e consolidarmos o nosso Estado como um hub logístico, melhorando a competitividade das empresas, aproximando as cadeias produtivas, atraindo mais investimentos, fortalecendo o desenvolvimento socioeconômico e o ambiente de negócios.

Isso se conecta a outra preocupação constante da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes): a concentração regional do desenvolvimento. Mesmo que políticas nesse sentido tenham sido implementadas, ainda existem desigualdades entre as regiões brasileiras e, por que não dizer, capixabas. Para isso, estamos sempre atentos a como levar mais oportunidades para esses municípios.

BR 262 será fechada na terça para análise em Venda Nova
BR 262 . Crédito: Divulgação/ Defesa Civil

A indústria capixaba vem contribuindo no processo de desenvolvimento do Estado. Digo isso porque o setor industrial possui a capacidade de irradiar oportunidades, gerando riqueza, empregos e oportunidades para todos os setores econômicos. Até 2029, estão previstos ao menos R$ 103 bilhões em investimentos no Estado, sendo 75,8% provenientes da indústria (R$ 78,1 bilhões) segundo mapeamento realizado pelo Observatório Findes. Aportes como esse movimentarão a cadeia de fornecedores, a geração de empregos e de renda para a população.

Estamos caminhando, mas ainda assim é preciso acelerar o passo e ir muito além do que já foi feito. Os desafios persistem e é preciso superá-los para que o desenvolvimento socioeconômico do nosso Estado não seja afetado. Ter uma boa infraestrutura é fundamental para ter uma indústria mais competitiva, especialmente em um momento em que ela está cada vez mais agregando valor ao seu produto.

O setor produtivo, em especial a indústria, se coloca hoje como uma ferramenta importante para que o Espírito Santo e o Brasil fortaleçam a sua economia e, por consequência, melhorarem a qualidade de vida da população. Precisamos finalizar esse capítulo da agenda do século XX para seguirmos adiante.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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