A balneabilidade, ou seja, a qualidade das águas utilizadas para banho e lazer, é um indicador essencial para o turismo, a saúde pública e a qualidade de vida das populações que vivem em regiões costeiras ou próximas a rios e lagoas. No entanto, muitas vezes esquecemos que esse indicador está diretamente ligado ao saneamento básico. Sem coleta e tratamento adequados de esgoto, é impossível garantir que as águas estejam limpas e seguras para o uso recreativo.
No Brasil, o cenário do saneamento ainda apresenta grandes desafios. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) mostram que aproximadamente metade do esgoto gerado no país não recebe tratamento adequado. Esse esgoto não tratado é frequentemente despejado em rios, mares e lagoas, comprometendo a qualidade da água e afetando a balneabilidade das praias. A ausência de saneamento básico é, portanto, uma das principais causas da poluição das águas utilizadas para lazer.
No Espírito Santo, temos colhido resultados concretos em cidades que alcançaram avanços significativos no saneamento à luz da Lei 14.026/2020. Vitória, nossa capital, é um exemplo de sucesso nesse contexto. Segundo o IBGE, Vitória é a capital com maior taxa de população atendida por esgoto no país. Isso reflete diretamente na qualidade das praias da região e na balneabilidade, consolidando a cidade como referência nacional no tema.
A cidade de Guarapari, um dos principais destinos turísticos do Espírito Santo, também apresenta resultados animadores em relação à balneabilidade de suas praias. Segundo o primeiro relatório técnico de 2025, divulgado pela prefeitura, as águas das 16 praias monitoradas na cidade estão próprias para banho, atendendo aos padrões da legislação brasileira. Essa notícia reforça o compromisso local com a preservação ambiental e o investimento em saneamento básico, que garantem que as praias de Guarapari continuem atraindo visitantes e sendo um orgulho para os capixabas.
A relação entre saneamento e balneabilidade vai além da estética e do lazer: trata-se de saúde pública e qualidade de vida. De acordo com o estudo do Instituto Trata Brasil, entre 2023 e 2040, a universalização do saneamento no Espírito Santo deve gerar uma economia de R$ 396 milhões em custos com saúde, graças à redução de internações hospitalares e afastamentos do trabalho por doenças de veiculação hídrica, como diarreias e infecções gastrointestinais. Essa economia média de R$ 22 milhões anuais mostra como o saneamento impacta diretamente a saúde da população e desafoga o Sistema Único de Saúde (SUS).
Os benefícios econômicos também são marcantes. O estudo aponta que, no mesmo período, os ganhos com o turismo, resultantes da valorização ambiental proporcionada pela despoluição de rios e praias, alcançarão R$ 704,2 milhões, com um fluxo médio anual de R$ 39,1 milhões. Esses números destacam o papel crucial do saneamento na revitalização do turismo, gerando empregos diretos e indiretos e promovendo o desenvolvimento local. Além disso, os investimentos em saneamento no Estado devem totalizar R$ 9,7 bilhões até 2040, gerando uma renda induzida de R$ 12 bilhões e criando 23 mil novos postos de trabalho.

Outro impacto significativo está na valorização imobiliária. A expansão dos serviços de saneamento deve gerar R$ 276,3 milhões em ganhos imobiliários entre 2023 e 2040, refletindo diretamente na qualidade de vida e no bem-estar das comunidades beneficiadas. Essa valorização demonstra como o saneamento básico transforma não apenas a saúde e o turismo, mas também os ambientes urbanos e a economia das cidades.
Investir em saneamento básico é garantir um futuro sustentável e próspero para o Espírito Santo. As praias limpas e as águas seguras não apenas impulsionam o turismo e promovem a saúde, mas também consolidam o Estado como referência nacional em qualidade de vida.
Na Cesan, reafirmamos nosso compromisso com a universalização do saneamento, certos de que esse é o caminho para transformar não apenas praias, mas vidas inteiras. Afinal, balneabilidade e saneamento básico são pilares essenciais para o desenvolvimento humano, econômico e ambiental.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.