No último dia 25 de agosto, o Tribunal Superior Eleitoral trouxe luz para uma outra faceta do racismo espalhado por nossa sociedade: aquele presente dentro de cada partido político nacional, em todos os espectros – direita, centro e esquerda. Esse viés reconhecido é de suma importância para entendermos como funciona o nosso país. De um lado, há um discurso de que todos são iguais, mas, na prática, há um privilégio a certos indivíduos. De outro, reconhece-se o problema, mas não se toma a sua parcela de responsabilidade nele, o que inviabiliza também a sua resolução.
Vários estudos analisados nesse julgamento histórico mostraram que as candidaturas negras vêm sofrendo com a desproporcionalidade de investimento à menor por seus respectivos partidos.
Isso quer dizer que o racismo é suprapartidário!
Se assim o é, devemos entender que a luta também deva ser. Não podemos nos fechar em nichos de correntes ideológicas, quando, na verdade, a discriminação racial toca a todos, das mais variadas formas.
Um aspecto importante a ser lembrado é que formamos 56% de uma população que gira em torno de 210 milhões de brasileiros. É matematicamente impossível querer unidade de posicionamento político entre os mais de 118 milhões de negros existentes em território nacional. Por isso, é preciso fomentar sua participação em todos os espaços. Dividir a luta antirracista é enfraquecer uma causa comum, que nos une e que precisa ser combatida com todas as forças disponíveis.
Antes de sermos de centro, esquerda ou direita, nascemos negros, com uma série de condições que nos dilaceram e nos atrasam.
Aquilo que enfrentamos muito mais nos une do que nos separa. Todos queremos uma vida, uma sociedade, um Brasil e um mundo melhor. Os caminhos a serem percorridos, dentro da democracia, são todos válidos.
Daí o motivo pelo qual escrevo hoje: para fazer um chamado de união, lembrando também que não é uma guerra de negros contra brancos, mas sim uma batalha contra o atraso, contra o racismo.
Não peço empatia, pode ser por egoísmo mesmo: nem que seja para ter melhores condições de vida para si e para sua própria família. Afinal, que nação se torna desenvolvida deixando mais da metade de sua população para trás?
Há um longo caminho a ser percorrido, que será mais exitoso com a maior ajuda possível. Afinal, essa é uma luta de todos.
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O autor é doutor em direito processual pela UERJ, é procurador do município de Mauá (SP) e advogado voluntário da Educafro
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