A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) comemorou o recorde de 1.300 artigos científicos publicados em 2020, de acordo com dados da base Scopus. Esse número aumenta para mais de 2.500 quando considerados todos os artigos publicados na plataforma Lattes dos seus pesquisadores, independentemente da base indexada.
Os professores da instituição produziram quase 150 livros, mais de 800 capítulos de livros e organizaram mais de 100 livros em 2020. O crescimento das publicações nos últimos 12 anos superou os 300%, patamar bem acima dos 146% alcançados pelo Brasil no mesmo ano.
A Ufes ainda ocupou a 69ª posição entre 177 universidades de 13 países latino-americanos avaliados no Ranking Universitário da América Latina 2021, publicado pela Times Higher Education (THE). Foi a melhor posição desde 2019, quando a instituição foi listada pela primeira vez. Entre as universidades brasileiras, a Ufes ficou na 33ª posição neste ano.
Cerca de 95% das pesquisas realizadas no Brasil são produzidas pelas universidades públicas. Entretanto, todos esses indicadores de bons desempenhos educacionais, científicos e tecnológicos parecem não importar quando saímos da esfera acadêmica e nos transportamos para o mundo político atual.
Há algumas semanas, o país foi surpreendido com a informação de que a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sufocada pela falta de verbas, poderá fechar prédios e fazer rodízio de instalações. Já em São Paulo, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) informou que o impacto no orçamento só permitirá seu funcionamento possivelmente até o mês de setembro.
Na esteira das más notícias advindas do Rio e de São Paulo, a Ufes, assim como outras 68 entidades brasileiras, informou que enfrenta cortes e bloqueios de verbas, além do contingenciamento de mais da metade do seu orçamento, podendo ter que paralisar as atividades acadêmicas e administrativas antes do fim do ano. O corte orçamentário de 2021, em relação ao ano anterior, chegou a 18,2% para custeio, 22,8% nos recursos de capital e 18,3% na assistência estudantil.
Desde 2019, os orçamentos dos órgãos que financiam pesquisas no Brasil voltaram para níveis idênticos ou inferiores aos do ano 2000.
O descaso com a falta de investimento em tecnologia nacional explica o motivo de o país não contar com grandes conglomerados como Apple, Google, Tesla, Huawei, Pfizer ou Moderna. O resultado de tanta negligência com a ciência nacional culmina na chamada “fuga de cérebros” de pesquisadores brasileiros para países que valorizam a educação como valor fundamental e tratam a inovação como mola propulsora do desenvolvimento social, financeiro e econômico.
Isso pode ser visto na divulgação pela imprensa a respeito de um jovem de 33 anos, graduado em Engenharia Aeronáutica, com mestrado e doutorado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e que hoje vende doces para sobreviver.
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É triste e desolador constatar que a ciência e a cducação têm sido relegadas no Brasil. O que conforta, no entanto, é ver que os profissionais desses segmentos não se abateram. Eles continuaram dando o melhor de si e alcançando ótimos resultados, como evidencia os números da Ufes.
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