O ano de 2021 foi desafiador para o setor industrial, tanto no nível nacional quanto no estadual. Em âmbito externo, o descompasso das cadeias globais de suprimentos, causado por uma demanda que se recuperou em uma velocidade superior à capacidade de oferta, e o encarecimento das operações logísticas provocaram escassez de matérias-primas industriais e um consequente aumento de preços.
Também impactada pelo aumento da demanda, a cotação das commodities energéticas e metálicas atingiram patamares historicamente elevados, o que pressionou ainda mais os custos industriais.
Entre os fatores internos, o desempenho da indústria brasileira foi afetado pela diminuição dos estímulos fiscais de combate à pandemia e pelo aumento do número de casos e óbitos pela Covid-19 logo no primeiro semestre, sobretudo em março, que ensejou novas restrições à circulação das pessoas naquele período.
Além disso, a demanda em setores industriais que dependem do consumo das famílias também foi impactada pelo patamar elevado do desemprego e pelo processo de aumento das taxas de juros para conter a escalada inflacionária. Outro elemento que causou pressão nos custos das indústrias foi a crise hidroenergética, com aumentos sucessivos das tarifas de energia.
Em que pese o cenário adverso, o setor industrial do Espírito Santo conseguiu apresentar resultados positivos em 2021. O volume das exportações capixabas avançou 17,4% e favoreceu a recuperação da produção industrial do Espírito Santo, que cresceu 9,6%. Com isso, a produção acumulada das indústrias estaduais ficou acima da registrada pela média do país (5,7%).
Para 2022, a continuidade de recuperação do setor industrial passa pela superação dos gargalos na oferta global de componentes, insumos e matérias-primas e a consequente descompressão dos custos produtivos. No curto prazo, será necessário acompanhar os desdobramentos da variante Ômicron, uma vez que a sua circulação gera incertezas e pode ensejar novas medidas restritivas ao transporte de pessoas e mercadorias.
Em um cenário de controle das condições sanitárias globais, a comercialização de mercadorias e a mobilidade das pessoas entre os países podem seguir no processo de regularização, o que favorece a normalização das condições de oferta e demanda mundial. Nesse cenário, o Banco Mundial espera uma acomodação dos custos a partir do segundo semestre do ano. Até lá, os preços internacionais seguem pressionando a inflação global e gerando gargalos para as indústrias.
Portanto, a persistência das pressões inflacionárias sobre o custo e o preço final dos produtos surge como um desafio. Na União Europeia, Inglaterra e, principalmente, Estados Unidos, a maior resistência dos preços motivará a retirada dos estímulos monetários a partir de março, podendo gerar efeitos de contração da demanda por bens industriais brasileiros.
Apesar do cenário de incertezas, algumas oportunidades internas poderão destravar investimentos e impulsionar o crescimento industrial neste ano. O setor de infraestrutura, por exemplo, com previsão de concessões de rodovias e aeroportos, e a privatização de portos, deve gerar investimentos na ordem de R$ 300 bilhões até o final do ano.
Esse movimento, se acompanhado de uma recuperação do mercado de trabalho e da renda, pode gerar condições para que a demanda interna se recupere e o país retome uma trajetória de crescimento socioeconômico.
Por fim, olhando para frente, ainda é preciso ter cautela em relação aos cenários possíveis, principalmente, porque a página da pandemia ainda não foi virada. No Brasil, em especial, as eleições adicionam um grau a mais de incerteza ao ambiente econômico.
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As perspectivas, portanto, apontam para um primeiro semestre deste ano ainda com os desafios dos custos e escassez de insumos para as indústrias, embora as exportações, a recuperação do emprego e dos investimentos possam gerar oportunidades de crescimento em um futuro não tão distante.
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