Estatísticas anuais sobre dados criminais são ferramentas importantíssimas para visitar o planejamento estratégico da segurança pública, corrigir distorções e, de fato, implantar políticas públicas que entreguem qualidade de vida aos brasileiros.
Em situação normal, é comum que informações destoantes recebam críticas e que severas cobranças sejam feitas ao poder público. Já em situações anormais, como foi o ano de 2020 e está sendo o ano de 2021, por conta da pandemia da Covid-19, é preciso cautela antes de levantar o dedo da acusação e a voz do julgamento.
A insegurança e o medo de contrair o vírus retirou crianças das escolas, desestruturou famílias, elevou o índice de desemprego, diminuiu a renda familiar, aumentou a pobreza, diminuiu os efetivos das forças de segurança pública e ainda exigiu que esses profissionais se desdobrassem para o cumprimento de novas tarefas, que incluíram a implantação de barreiras sanitárias e as diversas fiscalizações, em horários alternados, no cumprimento de decretos restritivos.
Óbvio que todos esses dados influenciaram e impactaram as metas estabelecidas em 2019 para a segurança pública. Entretanto, o afastamento das crianças e adolescentes do mundo escolar representa uma ruptura profunda nos alicerces democráticos da oportunidade. É uma total desarticulação da sociedade moderna.
O estudo “Cenário da Exclusão Escolar no Brasil – um alerta sobre os impactos da pandemia da Covid-19 na Educação”, lançado pelo Unicef em parceria com o Cenpec Educação, revela que o Brasil corre o risco de regredir duas décadas no acesso de crianças e adolescentes à escola.
A pesquisa aponta que, em novembro de 2020, cinco milhões de crianças ficaram afastadas das escolas. Dessas, 41% tinham de 6 a 10 anos de idade; 27,8% tinham de 11 a 14 anos; e 31,2% tinham de 15 a 17 anos – faixa etária que era a mais excluída antes da pandemia.
Perder o vínculo com a escola nesta fase da vida, entre tantos reflexos negativos, é abrir a possibilidade de ingresso nas atividades criminosas, principalmente aquelas conexas com o tráfico de entorpecentes e os homicídios.
O último Anuário de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ao analisar dados de 2019 apontou que jovens de 15 a 29 anos representam 13,6 % do total das vítimas de mortes violentas intencionais no Brasil.
O mesmo estudo destacou que quase metade das vítimas das mortes violentas intencionais, 45,1 %, não possuía ensino fundamental completo. Do restante, 40,9 % possuía apenas o fundamental completo ou médio incompleto.
Esses dados são muito semelhantes quando a análise é feita entre quem mata e quem morre, enfatizando que os confrontos armados, protagonizados pela rivalidade do tráfico de entorpecentes, de fato, permeiam estas faixas etárias, bem como tem correspondência direta com o nível educacional apontado.
Assim como outros setores, a boa educação é fator preponderante de sucesso nos resultados da segurança pública, simplesmente porque abre novas perspectivas de crescimento pessoal.
Nelson Mandela afirmou: “A educação é o grande motor do desenvolvimento pessoal. É através dela que a filha de um camponês se torna médica, que o filho de um mineiro pode chegar a chefe de mina, que um filho de trabalhadores rurais pode chegar a presidente de uma grande nação.
Este vídeo pode te interessar
Segurança pública caminha lado a lado com a educação.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.