Todo final de ano as famílias com filhos em idade escolar se veem diante de uma decisão das mais importantes a serem tomadas pelos pais: qual é a melhor escola para meu filho? Pergunta complexa uma vez que não há a melhor escola para todos os alunos. No entanto, há perguntas que podem apontar para uma resposta mais concreta em uma era em que o marketing está fazendo as escolas ficarem muito parecidas, o que gera uma enorme dúvida para as famílias. Vamos recorrer à essência de uma escola.
Como é a relação de ensino-aprendizagem entre alunos e professores? Desde que escola é escola, os dois players mais importantes dessa instituição são os alunos e seus professores. Essa interação nos remete à Grécia Antiga, como por exemplo na relação entre Platão e Sócrates. Todos nós adultos tivemos professores que nos inspiraram, que nos levaram para um patamar superior em nossa relação com o conhecimento. E tivemos também aqueles professores que nos amedrontavam ou nos entediavam.
O cérebro humano é um órgão social e ali são ativadas nossas reações mais instintivas e nossas decisões mais executivas. A ciência já provou que aprendemos de forma muito mais eficaz quando estamos regidos por emoções positivas. O corpo docente da escola, em uma perspectiva ampla, se conecta ou repele o aluno? Ao falar dos educadores de uma escola, os alunos revelam admiração e colaboração? Sem conexão, não há aprendizagem significativa e duradoura.
Qual é a visão sobre educação das lideranças e mantenedores? Você as conhece? Em um mundo em constante transformação, saber qual é a razão de ser de uma instituição é fundamental. A combinação de visão, missão e valores centrais deve nortear todas as ações de uma instituição, que devem estar para muito além da obtenção de lucro. Há escolas que se dizem tradicionais. Mas o que isso significa concretamente? Manutenção de valores ou resistência à inovação? Em um mercado que tem vivenciado muitas fusões e aquisições, escolas com novos mantenedores precisam estar vigilantes para não perderem seus valores essenciais em detrimento do lucro ou em função de estratégias conflitantes no plano macro institucional. Mudar e se adaptar sem comprometer valores centrais é característica de instituições visionárias, segundo o pesquisador e professor da Universidade de Stanford, Jim Collins.
Qual é a metodologia adotada pela escola? Como é difícil para os pais entrarem nesta seara. No entanto, sugiro que fujamos dos jargões. Vamos focar em fatos concretos. Termos como “aluno protagonista" e “escola bilíngue” podemos encontrar em quase todas as propagandas. Mas para ser protagonista há que se ter um currículo que fomente essa característica. Senão vira adjetivo sem conteúdo. Os alunos aprendem de forma ativa? Refletem sobre como aprendem? Trabalham em colaboração? São encorajados a perguntar e questionar? Ou passam o dia enfileirados ouvindo o professor “dar aula” e dando respostas previstas?
Para usar a palavra protagonista como um diferencial, há metodologia específica para que o aluno seja ativo. Para ser bilíngue há parâmetros específicos relacionados à carga horária e idioma de instrução. Os pais precisam procurar evidências de como (não só do que) se aprende. E estarem atentos para termos que, assim como protagonista e bilíngue, podem estar fora de lugar. Realidade ou simples jogada de marketing?
Há outros aspectos importantes a serem observados. Qual é a tecnologia que a escola oferece? Como é a infraestrutura da escola? Há estímulo aos esportes? Ao escolher uma escola escolhemos o modelo de educação que queremos para nossos filhos. Sendo a capacidade de se manter aprendiz provavelmente a maior aprendizagem a ser adquirida nos dias de hoje, conhecer o modelo de interação entre professor e aluno, a visão, valores e metodologia da instituição de ensino, já garante um bom roteiro para essa busca.
Visite as escolas marcando um encontro presencial. Troque ideia com pais que têm filhos matriculados em outras escolas que não onde seu filho estuda. Pergunte, certifique-se, aprofunde. Qual modelo de educação você está buscando para seu filho?
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