É comum que nos perguntem como conseguimos entregar o Festival Movimento Cidade, o maior festival de artes integradas do Espírito Santo, com entrada gratuita ao público desde a sua primeira edição. Como montar uma estrutura dessa magnitude, uma cenografia tão detalhada, uma programação tão extensa de atividades, tantas atrações nacionais, de graça para o público?
Para nós, "Cidade são Pessoas", esse é o nosso lema, e dar acesso a espaços e atividades e ser instrumento de transformação social é o grande propósito do Movimento Cidade. Uma coisa é certa, ao longo dos últimos seis anos conhecemos pessoas e empresas que, assim como nós, acreditam na cultura e na transformação social através da arte.
Num cenário onde os ingressos para acesso aos grandes festivais brasileiros estão cada vez mais caros e os custos para se fazer um evento dessa dimensão exorbitante, nós escolhemos não cobrar a entrada. Acreditamos que a arte deve ser um direito de todos, não um privilégio de poucos.
Mas é claro que também é necessário manter a sustentabilidade e a continuidade, pagar fornecedores, manter a cadeia produtiva ativa. E é aqui que o público tem um papel fundamental. Quando valorizam os festivais gratuitos, comparecem, consomem, divulgam. Essa valorização ajuda na continuidade dos incentivos, no crescimento da marca e na diversificação das atividades, garantindo que os patrocinadores do festival saibam que estamos fazendo a diferença para a cidade.
Não é à toa que criamos o jingle: “O nosso movimento movimenta a cidade”. Porque sem o público não existiria movimento, transformação, ocupação e, muito menos, Festival Movimento Cidade de graça. É por meio das leis de incentivo à cultura (viva!), mecanismos muitas vezes desconhecidos, mal interpretados e que tem pouco conhecimento do grande público que conseguimos e (re)sistimos sendo gratuitos.
Sabemos que vivemos um cenário no qual logística, infraestrutura, cachês e equipes são muito caros e, mais ainda, a venda de ingressos não acompanha o poder aquisitivo do brasileiro. Então, como as pessoas vão poder consumir cultura, conhecer artistas e viver novas programações sem investimento e incentivo em eventos independentes que se preocupam com a formação de público?
É só olhar para os preços dos ingressos dos festivais mais conhecidos. Em 2023, o ticket médio pago por ingressos de festivais de música foi de R$ 329, segundo o levantamento feito pelo Mapa dos Festivais. Num cenário em que o acesso à experiência de ir a um festival cultural com diversidade de linguagem artística é caro, está na hora de valorizar o que o Festival MC busca promover. Além de dar a devida relevância para iniciativas culturais fora do eixo Rio-SP.
Nosso intuito é que o acesso a cinema, música, dança, rima, slam, hip hop, ballroom, artes visuais, oficinas, palestras e muito mais cheguem para todos. Garantir que as pessoas se sintam cuidadas e vistas, manter as medidas de acessibilidade para além do escopo, dialogar sobre pautas importantes como igualdade de gênero, isso sim é ser acessível e inclusivo.
E aí que o MC está dando um quentinho no coração e sendo o que o capixaba sempre quis ver, ouvir e sentir: uma conexão com a arte, a música, o cinema, as batalhas urbanas - de forma gratuita - e inclusiva.
Te esperamos para celebrar a cultura nacional, de forma gratuita, na Prainha, em Vila Velha, nos dias 16 a 18 de agosto.
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