Pessoas com doenças mentais sofrem devido aos sintomas de suas doenças, alguns até incapacitantes, e também pelo estigma social, do qual costumam ser vítimas. O estigma associado às doenças mentais afeta de forma negativa os vários estágios da doença, principalmente a busca por tratamento no início, além de negar oportunidades de trabalho e piorar a qualidade de vida das pessoas adoecidas.
Por isso, é fundamental o combate a essa forma de preconceito, que pode estar presente também entre profissionais de saúde (inclusive de saúde mental). Como marca (cicatriz), o estigma afasta o doente da sociedade, discriminando-o nos estudos, no trabalho, na família, nos serviços gerais de saúde, o que agrava seu sofrimento, piora sintomas depressivos e pode levar o paciente ao suicídio. Nossa cultura ainda segrega o portador de transtornos psiquiátricos, algumas vezes abertamente e outras, de forma velada, potencializando seu sofrimento. Ao excluir o enfermo, a sociedade se apodera da ilusão de que é sadia.
Alguns pacientes desenvolvem um autoestigma, ao internalizarem atitudes estigmatizantes e discriminatórias da sociedade, o que leva à baixa autoestima e menor resistência ao estresse. Pessoas estigmatizadas passam a ficar isoladas, sentimentos de culpa e de autorreprovação.
Muitos estudos têm mostrado que pacientes com doenças mentais graves têm muito mais chance de sofrer violência (sexual, criminal, furtos, etc), quando se compara com a população geral. Atualmente, as pessoas portadoras de doenças mentais constituem um dos grupos sociais mais estigmatizados e continua sendo uma barreira para a busca de tratamento.
É imperativo falar sobre esse preconceito, uma vez que é fundamental que o doente mental tenha o apoio da família e da comunidade onde está inserido. A sociedade precisa ser esclarecida sobre as doenças mentais, para que os preconceitos diminuam. A Organização Mundial da Saúde, a Associação Mundial de Psiquiatria e, entre nós, a Associação Brasileira de Psiquiatria têm trabalhado para a diminuição do estigma em relação às doenças mentais e até mesmo contra o preconceito dirigido aos médicos psiquiatras. É necessário acreditar que esse tipo de preconceito é crime e que o estigma e a psicofobia podem matar.
A autora é médica psiquiatra e psicogeriatra. Membro titular da ABP/APES. Mestranda da UVV
* Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta
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