A Campanha da Fraternidade (CF) deste ano nos convida a olharmos para a realidade que nos cerca com os olhos de Deus, enxergando as vidas tombadas ao longo do caminho como vidas próximas a nós, reflexo de nossa própria existência.
Um olhar que nos aproxima do outro, qualquer que seja o outro, para cuidarmos de suas feridas, mudando nossa rotina, investindo nosso tempo e recursos naquilo que é essencial à nossa felicidade que é o cuidado com o outro e com a nossa Casa Comum, a Mãe Terra.
Durante cinco semanas vamos refletir juntos sobre as vidas tombadas à beira do caminho, aqui, no Espírito Santo, que necessita de nosso olhar próximo, compassivo e comprometido como o olhar do Bom Samaritano que vê, sente compaixão e cuida da vida que encontrou tombada à beira do caminho.
Um simples olhar pelas ruas e praças da Grande Vitória mostra como que nos últimos anos aumentou o número de pessoas obrigadas a viverem nas ruas, porque não têm um teto para abrigar sua cabeça. Todos os dias, famílias inteiras vão morar nas ruas, porque não têm como pagar aluguel.
Na mesma proporção que cresce o número de pessoas obrigadas a viverem nas ruas, aumenta o número de pessoas que passam fome no Espírito Santo. Todos os dias centenas de pessoas batem às portas das igrejas pedindo comida, gás de cozinha e remédios.
Por trás do drama diário destas pessoas está o desemprego. As crises política e econômica instaladas no Brasil, atreladas ao congelamento dos gastos sociais, à reforma trabalhista e à reforma da previdência, aumentaram muito o sofrimento dos pobres no Brasil.
São desumanas as filas quilométricas de pessoas que correm em busca de um emprego formal, da mesma forma que são desumanas as condições dos subempregados, hoje chamados de empreendedores. Pessoas que estão trabalhando sub-remuneradas, sem direito algum, em condições semelhantes às do trabalho escravo.
E a saúde? Quantas crianças permanecem nas filas dos hospitais com seus familiares implorando por assistência? Quantas pessoas morreram no ano passado no Espírito Santo esperando uma cirurgia ou consulta especializada? Não morreram porque estavam doentes. Morreram porque são pobres, estão desempregadas e não podem pagar um plano de saúde.
Quando não são socorridos em suas necessidades pelo poder público ou pelas igrejas, os pobres pedem socorro aos traficantes e são prontamente atendidos, sem nenhuma burocracia ou condição. Na sua opinião, quem tem sido o próximo dos pobres?
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O autor é Vigário Episcopal para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória
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