Navegar é preciso, viver não é preciso. Todos conhecem a genialidade da famosa frase imortalizada no poema do escritor português Fernando Pessoa e proferida pelo general romano Pompeu (106-48 a.C.), que tomamos por um instante para uma breve interpretação particular de seu espírito, para transformá-la na forma adaptada para o tema desse artigo.
Navegar é preciso porque envolve instrumentos e métricas matemáticas de precisão, é exato para ser bem-sucedido; contudo, viver não é preciso porque continuamente lidamos com imprevistos e surpresas que requerem acomodação, adaptação e, muitas vezes, improviso.
No campo da segurança pública, em tempos passados, o poder público em todos os níveis simplesmente “viveu”, tendo no dia a dia o improviso como regra e a alocação de imensos recursos públicos no mais do mesmo, normalmente com resultados aquém daqueles esperados pela população e pelos próprios gestores públicos.
Em tempos mais recentes e nos dias atuais, a segurança pública passou de um problema de resolução estritamente policial para uma questão multidisciplinar, envolvendo diversos níveis e instâncias administrativas. Assim segurança deixou de “viver” para “navegar”, com necessidade da precisão de bons planejamentos que permitam ao gestor público compreender melhor o papel de cada ente federado nessa área, identificando seus desafios, definindo de modo adequado uma visão de futuro, seus objetivos e direcionadores estratégicos, as metas a serem alcançadas e por quais meios a segurança pública atingirá o nível de paz social tão desejado por toda sociedade.
Não por acaso em todo período eleitoral as pesquisas indicam que a segurança pública é um dos principais fatores de preocupação da população em geral, independentenebte de critérios de classificação dessa população.
A ausência de um processo de planejamento robusto em segurança pública induz a pulverização de recursos já escassos, a descontinuidade de ações e inciativas, atrasos ou a não realização de bons projetos e induz uma pressão na gestão pública em razão de urgências causadas justamente pela limitação de articulação e capacidade de execução de ações sistematizadas e contínuas. O resultado óbvio: violência, criminalidade e medo.
Outro fator relevante é a necessária integração entre municípios e destes, tanto na fase de planejamento quanto na de execução de ações, com os demais órgãos de segurança pública e defesa social dos governos estadual e federal, pois a criminalidade e a violência são multifatoriais, multissetoriais e transversais o suficiente para exigirem do poder público que o emprego de recursos seja racionalizado e bem coordenado para que seja eficiente, eficaz e efetivo no alcance dos resultados almejados.
Nesse caso, o papel do gestor público municipal tem cada vez mais relevância nessa área como polo gerador de soluções, pois uma cidade com paz social estável, segura e agradável para se viver proporciona uma ambiência de negócios atrativa para investimentos que geram qualidade de vida, riqueza, distribuição de renda, e desenvolvimento sustentável. A população agradece!
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