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É pedagoga e diretora pedagógica da Escola Monteiro

Proibição de celular nas escolas: educar dá trabalho, mas compensa

O que sabemos hoje é que queremos que nossas crianças e alunos sejam protegidos dos excessos que o uso indevido e exagerado do celular pode gerar

  • Penha Tótola É pedagoga e diretora pedagógica da Escola Monteiro
Publicado em 27/01/2025 às 16h13

A volta às aulas este ano vem associada a uma intensa discussão sobre o uso de telefones celulares na escola, em um movimento que culminou na na Lei nº 15.100/2025, sancionada em 13 de janeiro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que veda o uso de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais durante aulas, recreios e intervalos em todas as etapas da educação básica, com exceção para uso pedagógico dos dispositivos.

A restrição é medida que se mostra necessária diante do que se observa nas próprias escolas, nos consultórios, na vida social e no dia a dia de nossas crianças. Mas é importante ressaltar que a proibição não deve vir sozinha. Junto dela, é fundamental que venha também o convite à reflexão, ao pensamento crítico e ao diálogo, dentro das instituições de ensino, entre os educadores, nas famílias e na sociedade.

Temos diante de nós uma geração que já nasce conectada, lidando com pais, professores, avós e educadores que viveram em um mundo onde a tecnologia - da forma como hoje se apresenta - ainda dava seus primeiros passos, e isso no caso dos adultos mais jovens.

Há questões geracionais envolvidas, mas há questões relacionadas a valores sobre o que é ser criança, o que ser família, o que é ser professor, o que é ser escola e, enfim, o que é ser gente nesses novos tempos de tanta transformação e mudança. Quem somos nós, quem queremos ser e o que desejamos para nossos filhos e alunos para além dos filtros, das curtidas e da vida mediada pelas telas é uma das perguntas que precisam urgentemente ser feitas. Como podemos fazer das novas tecnologias aliadas ao invés de algozes na construção de um mundo com mais oportunidades, respeito e humanização é outra delas.

Não temos respostas prontas e o desafio que nos é apresentado pressupõe um trabalho árduo e coletivo. O que sabemos hoje é que queremos que nossas crianças e alunos sejam protegidos dos excessos que o uso indevido e exagerado do celular pode gerar – e que, por vezes, também nos acomete, mesmo adultos e mais maduros (atire a primeira pedra que nunca perdeu a noção do tempo com um celular nas mãos ou deixou de estar plenamente presente em um momento pela distração gerada pelas redes).

Jovem usa celular
Jovem usa celular . Crédito: Pixabay

São malefícios físicos, da ordem da saúde mental, das relações sociais e do aprendizado, que comprometem o pleno desenvolvimento do indivíduo em formação.

Como escola, temos que estar abertos às novas formas de aprender e de se relacionar que o novo aluno e o novo mundo nos trazem, mas também não podemos nos furtar de dois outros papéis fundamentais: ser parceiro da família na jornada que envolve a educação desse sujeito e se manter como espaço aberto à reflexão e à construção do conhecimento e do pensamento crítico.

Fácil não é, mas nosso objetivo é nobre: crianças mais saudáveis, livres, felizes e aptas para aprender e descobrir o mundo, fazendo dele um lugar melhor. Educar dá trabalho, mas, não temos dúvida de que compensa.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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