A volta às aulas este ano vem associada a uma intensa discussão sobre o uso de telefones celulares na escola, em um movimento que culminou na na Lei nº 15.100/2025, sancionada em 13 de janeiro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que veda o uso de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais durante aulas, recreios e intervalos em todas as etapas da educação básica, com exceção para uso pedagógico dos dispositivos.
A restrição é medida que se mostra necessária diante do que se observa nas próprias escolas, nos consultórios, na vida social e no dia a dia de nossas crianças. Mas é importante ressaltar que a proibição não deve vir sozinha. Junto dela, é fundamental que venha também o convite à reflexão, ao pensamento crítico e ao diálogo, dentro das instituições de ensino, entre os educadores, nas famílias e na sociedade.
Temos diante de nós uma geração que já nasce conectada, lidando com pais, professores, avós e educadores que viveram em um mundo onde a tecnologia - da forma como hoje se apresenta - ainda dava seus primeiros passos, e isso no caso dos adultos mais jovens.
Há questões geracionais envolvidas, mas há questões relacionadas a valores sobre o que é ser criança, o que ser família, o que é ser professor, o que é ser escola e, enfim, o que é ser gente nesses novos tempos de tanta transformação e mudança. Quem somos nós, quem queremos ser e o que desejamos para nossos filhos e alunos para além dos filtros, das curtidas e da vida mediada pelas telas é uma das perguntas que precisam urgentemente ser feitas. Como podemos fazer das novas tecnologias aliadas ao invés de algozes na construção de um mundo com mais oportunidades, respeito e humanização é outra delas.
Não temos respostas prontas e o desafio que nos é apresentado pressupõe um trabalho árduo e coletivo. O que sabemos hoje é que queremos que nossas crianças e alunos sejam protegidos dos excessos que o uso indevido e exagerado do celular pode gerar – e que, por vezes, também nos acomete, mesmo adultos e mais maduros (atire a primeira pedra que nunca perdeu a noção do tempo com um celular nas mãos ou deixou de estar plenamente presente em um momento pela distração gerada pelas redes).

São malefícios físicos, da ordem da saúde mental, das relações sociais e do aprendizado, que comprometem o pleno desenvolvimento do indivíduo em formação.
Como escola, temos que estar abertos às novas formas de aprender e de se relacionar que o novo aluno e o novo mundo nos trazem, mas também não podemos nos furtar de dois outros papéis fundamentais: ser parceiro da família na jornada que envolve a educação desse sujeito e se manter como espaço aberto à reflexão e à construção do conhecimento e do pensamento crítico.
Fácil não é, mas nosso objetivo é nobre: crianças mais saudáveis, livres, felizes e aptas para aprender e descobrir o mundo, fazendo dele um lugar melhor. Educar dá trabalho, mas, não temos dúvida de que compensa.
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