Nunca se falou tanto sobre saúde mental. Conversar abertamente sobre transtornos psiquiátricos, entretanto, ainda é desconfortável para muitas pessoas e há um longo caminho a ser percorrido para superarmos as aversões relacionadas à psiquiatria.
A Organização Mundial da Saúde aponta em seus estudos que pelo menos 18 milhões de brasileiros têm transtornos de ansiedade e 12 milhões sofrem com depressão. Com o cruel cenário de pandemia, houve ainda um aumento expressivo no número de casos desses transtornos e de outros, como Síndrome de Burnout, Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e abuso de substâncias. Além disso, a prevalência de pelo menos um transtorno psiquiátrico durante a vida, no Brasil, pode chegar a 45%.
Apesar desses dados, por muito tempo, o preconceito e as discriminações contra pessoas que sofrem com transtornos ou doenças mentais não teve nome. O termo “psicofobia” foi cunhado em uma campanha de conscientização da Associação Brasileira de Psiquiatria em parceria com o humorista Chico Anysio que, durante anos, conviveu com a depressão.
Hoje, no Dia Nacional de Enfrentamento à Psicofobia, ressalto que muitas pessoas, assim como ele em sua época, sofrem caladas com sintomas diversos, por não conseguirem conversar sobre isso em seus círculos de convivência. Por temerem julgamentos ou não serem levados a sério pelas pessoas próximas, não falam sobre o que estão passando e não procuram ajuda.
Isso não só é preocupante, como é perigoso. Sem diagnóstico precoce e tratamento adequado, os transtornos se intensificam, alguns casos podem se tornar crônicos e difíceis de tratar. Agravamentos de transtornos e futuras internações podem ser, em muitos casos, evitados.
Ademais, tais estigmas influenciam diretamente no direcionamento adequado de investimentos em políticas públicas de assistência à saúde mental, restringindo, de maneira intencional ou não, o acesso das pessoas a atendimento adequado, em serviços de urgência e emergência, hospitalares e ambulatoriais.
Em momentos de crise, o paciente precisa ser acolhido, mantendo a própria autonomia, a dignidade e a convivência social. Entender e aceitar os sintomas do transtorno mental são passos iniciais para cuidar da mente. E esse cuidado é essencial para uma boa qualidade de vida. É um ato de amor-próprio e amor ao próximo. É fundamental procurar ajuda profissional qualificada e humanizada ao identificar quaisquer sintomas, deixando de lado o preconceito, o medo ou a vergonha. Encerro por aqui fazendo um apelo a você, caro leitor: ame sua mente.
* Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta
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