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É Legal Manager no Ebanx e Co-Fundador do think tank Observa China

Qual o propósito de uma oferta ampla de tecnologia em tempos líquidos?

Em sede de futuro, é necessário entender o estágio em que estamos para mapear com bases sólidas o trajeto para onde iremos

  • Rodolfo Barrueco É Legal Manager no Ebanx e Co-Fundador do think tank Observa China
Publicado em 29/11/2022 às 02h00

Desde os nossos antepassados, a História sempre reverenciou a previsão de futuro e acontecimentos que poderiam demarcar futuras gerações. Na Grécia antiga, as pitonisas eram pontífices da profecia maior e demarcavam escalas futurísticas que atingiriam aqueles que assim acreditassem em suas previsões. Desde os tempos mais longínquos, o homem tem canalizado suas habilidades de modo a predizer eventuais acontecimentos influenciadores de seus destinos. E, de modo não distante, o setor tecnológico segue buscando avanços modestos em áreas significativas com o intuito de tornar a inovação fluídica mais aplicável ao nosso dia a dia.

Em sede de futuro, é necessário entender o estágio em que estamos para mapear com bases sólidas o trajeto para onde iremos. Chegamos ao caos tecnológico, em que a oferta de tecnologia acena vulgarmente em cada esquina sem contornos de longo prazo. As tecnologias têm se tornado rapidamente obsoletas em um curto espaço de tempo. Em sincronia com a filosofia de Bauman, poderíamos dizer que em circunstâncias de tempos líquidos, temos vivido tecnologias líquidas pouco aderentes a uma solidificação temporal. Mas qual o propósito de uma oferta tão ampla de tecnologia em tempos líquidos?

É de se ponderar que, sem a intenção de esgotar a subjetividade da questão, a resposta talvez esteja na análise filosófica da própria geração que vivemos, que desenfreadamente busca conexões periféricas através das redes e dos últimos aparatos tecnológicos. E, por meio desses aparatos utilizados superficialmente, a demanda por uma inovação, mesmo que irrelevante, fugazmente empodera aquele que em sede de superficialidade detém ou não o bem-estar líquido.

Longe de seguirmos um tratado filosófico, a grande questão deste ensaio é tratar sob em quais circunstâncias preponderantemente o avanço tecnológico nos traz uma promoção duradoura efetiva. Como agentes de mudança de uma nova geração, somos responsáveis pela condução das práticas de uso e inovações aplicáveis em larga escala. Ao se buscar os pormenores do que seria considerável a uma sociedade cuja realização última seja o bem-estar, poderíamos chegar a outras tantas variáveis subjetivas que não enlaçaria os fins propostos.

Talvez, a resposta esteja na proporção direta da razão em que temos aplicado os nossos esforços de avanços tecnológicos. A tecnologia que etimologicamente vem do grego "tekhne" e “logia”, simultaneamente “técnica” e “estudo”, traz-nos uma simbologia de que, para vencer em bases de técnica, temos que vivenciar e assimilar, em nossas melhores condições, os estudos que tornarão as bases técnicas magistrais.

Dentro deste contexto, podemos destacar que nos últimos tempos, umas das inovações mais singelas porém sincronizadas com o bem-estar do nosso planeta tem sido a criação de abelhas robôs. Alguns pesquisadores de Harvard apontam que em virtude da potencial extinção dessa espécie, a utilização de abelhas robôs poderia incrementar a polinização de 35% de nossas plantações, evitando uma catástrofe em sede de alimentação humana.

Uma das searas mais promissoras para os eventos que adicionem qualidade de vida para a população certamente são os tratamentos genéticos do futuro, que promoverão sobrevida para uma massa de 320 milhões de pessoas, segundo a Pfizer. Em pormenores, pacientes que detêm doenças geneticamente vulneráveis, como Parkinson, Alzheimer e câncer, através de um tratamento realizado em nível celular, poderiam substituir um filamento dentro do DNA adicionando ou realinhando uma função proteica e assim garantir uma mobilidade saudável do gene, expurgando a doença dissonante do sistema metabólico. A indústria farmacêutica afirma que nos próximos 10 anos estes tratamentos serão amplamente divulgados.

Outro setor de vasta experimentação que poderá nos surpreender será o de implantes de microchips cerebrais para recuperação da perda de memória ocasionada por algumas espécies de doenças. Na linha da ficção científica elaborada por William Gibson sobre o tema, sairíamos dos livros para a vida real. Estudos elaborados pelo MIT e pela University of Southern California, acreditam que memórias de longo prazo podem ser replicadas via microchips em cérebros danificados, especialmente em decorrência de derrames ou acidente vascular cerebral.

Incalculável seria o número de vidas que poderiam se beneficiar de um real avanço tecnológico que privilegiaria a saúde ao invés de status líquidos. Na compreensão de nossas funções como seres humanos, precisaríamos nos dedicar mais em espalhar notícias promissoras sobre o que acena para a próxima geração, ao invés de nos concentrarmos com o próximo modelo de celular ou funcionalidade do metaverso que pouco ressoa no condicionamento do bem-estar de uma população. Os tempos são chegados para aqueles que ousam entender que a tecnologia deveria nos servir como avanço de nossa qualidade de vida como seres dependentes e interconectados, porém lúcidos e conscientes quanto à razão do uso das ferramentas tecnológicas.

Não podemos nos esquecer que os maiores cientistas da História se curvaram ante a ignorância de suas épocas com a promessa de que futuras gerações pudessem ser agraciadas com suas descobertas e a partir destes incrementos, gozar de melhores condições de vida. Na proporção direta e no melhor uso de nossas capacidades, em um último aceno a Bauman, deveríamos nos questionar futuramente se os tempos outrora líquidos foram capazes de nos deixar uma lição mais profunda sobre a arte de melhor conduzir o futuro de nossas tecnologias e saber bem administrar nossas realidades.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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