Durante um atendimento infantil, o que não é dito também precisa ser valorizado. A criança, muitas vezes, está tão receosa de falar o que realmente sente ou vivencia que passa a se fechar. As crianças, quando estão passando por situações de violência, costumam mudar seus comportamentos – em muitos casos, essa mudança é acentuada, a criança passa a ter atitudes violentas, pode se isolar e se mutilar como forma de punição.
Quando se fala de violência, não é apenas a física. Não podemos esquecer da violência sexual, psicológica, maus-tratos, abandono e negligência. Os adultos que participam da vida dessa criança precisam estar atentos às mudanças bruscas de comportamento e tentar deixá-la com a sensação de segurança e conforto para que possa expor o que está acontecendo.
Sabemos que, na maioria das vezes, o inimigo está dentro de casa, então os familiares precisam acreditar na fala dessa criança. Esse primeiro ponto é fundamental para promover a sensação de segurança. É importante lembrar que, segundo o artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente, é “dever da família, comunidade, sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação (...)”.
Já o artigo 245 diz que cabe ao “médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente”. Ou seja, precisamos entender que nem sempre essa criança ou adolescente conseguirá expor de forma clara o tipo de violência que está vivenciando. Cabe a nós termos esse olhar cuidadoso e buscar ajuda.
Durante a pandemia, tivemos um aumento de violência doméstica, devido ao maior tempo compartilhado entre os agredidos e agressores. Uma possibilidade de reduzir isso é denunciando. O Disque 100 é um dos principais canais de proteção a crianças e adolescentes. A denúncia pode ser anônima.
Além desse canal, os responsáveis precisam observar as mudanças comportamentais, conversar com a criança em um ambiente neutro e de forma calma dizer que quer ajudá-la, que ela está segura, que nada de ruim acontecerá com ela ou com sua mãe/pai, que você acredita no que ela está falando. Também é preciso observar se há machucados constantes, se está apresentando algum sintoma de dor ou está com comportamento de esquiva.
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A denúncia pode ser feita por todos nós, não podemos nos isentar. As crianças e adolescentes precisam dos cuidados de adultos para sua sobrevivência.
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