O assunto “segurança pública” assombra todas as rodas de conversas no Brasil, sejam as mesas dos mais abastados, seja a mesa da população carente. Isso porque a raízes do crime estão fortemente plantadas na sociedade que sangra não só com mortes prematuras de jovens envolvidos ativamente com o crime, como pelo sentimento de temor e insegurança trazido.
Seja nas favelas, comunidades, seja nos bairros considerados de alto padrão imobiliário, o sentimento é um só: o crime incomoda, impõe o medo e custa muito caro.
Custa caro porque o Estado desembolsa rios de dinheiro para equipar as forças de segurança, manter a população carcerária e toda a equipe envolvendo as unidades de segurança. O crime, sim, custa muito caro.
Obviamente, se o Brasil fosse um país com taxa de criminalidade menor haveria maior disponibilidade de caixa para implementação de políticas públicas em outras áreas, tais como educação, saúde, infância e juventude, idosos, pessoas com necessidade especiais, entre outras.
Mas não é só.
Você já parou para pensar na perda de força de trabalho que o crime pode trazer ou traz efetivamente?
Sim. Perda de força de trabalho!
Veja comigo. Peguemos o exemplo do Espírito Santo. Cerca de 62% da população carcerária no Estado é composta por pessoas (homens e mulheres) com idade entre 18 e 45 anos, sendo que 56% aproximadamente estão entre 18 a 29 anos, ou seja, uma população carcerária bastante jovem.
Em países mais desenvolvidos, até mesmo no Brasil, esse nicho estaria no início das suas carreiras profissionais, técnicas ou em graduação, sendo a base da força motriz de geração de renda. Em cerca de 15 a 20 anos de empregados, passarão a empregadores e geradores de mais riqueza para a sociedade.
Ocorre que, no Brasil, essa ordem é totalmente invertida porque essa força de trabalho é abocanhada pelo crime, especialmente o tráfico de drogas. O ponto mais gritante é que, segundo estatísticas, essas pessoas, em sua maioria, irão a óbito antes dos 30 anos em média e não serão os futuros geradores de renda. Muito embora essas pessoas do “tráfico” vejam a atividade como um trabalho formal, a verdade é que ela não é e está longe de ser.
Entre dezembro de 2006 a dezembro de 2016 a população carcerária cresceu cerca de 274% no Espírito Santo.
Respondendo a pergunta inicial.
O maior custo do Brasil com a criminalidade não é o gasto mensal com a força de segurança. Não. É, sim, o custo de oportunidade que se perde quando esses jovens partem para o crime.
Quem acha que favela e comunidades são apenas compostas por gente do crime está totalmente enganado. Matéria veiculada em jornal econômico de grande circulação nacional no dia 14 de abril de 2022 afirma que a renda dos moradores de favelas movimenta cerca de R$ 124,1 bilhões por ano. São cerca de 13 mil favelas por todo o Brasil, composta por gente com extrema capacidade empreendedora.
Imagine a quantidade de jovens talentos perdidos dia a dia, quantas “startups” deixam de ser iniciadas, e até mesmo continuadas, quando essas mentes deixam o trabalho formal para se perderem no mundo do crime. Imagine!
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