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É advogado e especialista em Direito Imobiliário

Recarga para veículos elétricos em condomínios: falta de normas preocupa

A ausência dessas normas traz várias consequências. Primeiro, empresas e instaladores não têm um guia padronizado para garantir que as estações de recarga atendam aos requisitos mínimos de segurança

  • Luiz Alberto Musso Leal Neto É advogado e especialista em Direito Imobiliário
Publicado em 07/11/2024 às 13h59

Nos últimos anos, o crescimento acelerado do mercado de veículos elétricos no Brasil e no mundo trouxe uma demanda urgente por infraestrutura adequada de recarga, inclusive em empreendimentos imobiliários. No entanto, a instalação de estações de recarga enfrenta desafios jurídicos e regulatórios que comprometem a segurança dos usuários e a integridade das instalações.

Em um cenário em que os riscos de explosão e a ausência de normas de segurança específicas se tornam cada vez mais evidentes, o tema demanda uma abordagem cautelosa e regulada.

Os veículos elétricos utilizam baterias de alta potência, muitas vezes compostas de lítio, que requerem controle rigoroso de temperatura e condições de armazenamento. Quando submetidas a sobrecarga ou falhas técnicas (ainda que raras), essas baterias apresentam riscos de explosão, liberando substâncias tóxicas e inflamáveis.

Esse cenário alerta para a necessidade de um sistema de recarga seguro, com instalações que sigam padrões rigorosos de proteção e resposta a emergências.

Contudo, a realidade expõe uma lacuna: enquanto novos pontos de recarga são estabelecidos em locais públicos e privados, muitos carecem de sistemas de segurança adequados para responder a acidentes, como meios de combate a incêndios especificamente voltados para baterias de lítio.

Os extintores tradicionais não são suficientes para o combate, o que coloca em risco não apenas o patrimônio, mas também a vida humana em algumas situações.

A regulamentação da segurança contra incêndios em edificações no Brasil é responsabilidade de cada estado, o que significa que os Corpos de Bombeiros locais devem estabelecer normas e instruções para a instalação e manutenção de equipamentos que representam risco à segurança pública.

No entanto, até o momento, inexistem normas estaduais específicas para estações de recarga de veículos elétricos, gerando um cenário de insegurança jurídica.

A ausência dessas normas traz várias consequências. Primeiro, empresas e instaladores não têm um guia padronizado para garantir que as estações de recarga atendam aos requisitos mínimos de segurança.

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Carregamento de carro elétrico. Crédito: Jeep/Divulgação

Em segundo lugar, órgãos de fiscalização ficam sem base técnica para avaliar e aprovar essas instalações, resultando em discrepâncias na aprovação de projetos de recarga entre diferentes estados e até mesmo municípios.

A falta de regulamentação específica também afeta a responsabilização em casos de acidentes. No caso de uma explosão ou incêndio em uma estação de recarga, a ausência de normas claras torna mais difícil atribuir responsabilidade ao operador, ao fabricante ou ao instalador da estação, o que pode resultar em uma série de litígios complexos e de difícil resolução.

Ademais, é importante considerar que quem projetou, obteve autorização, construiu, entregou e recebeu a aprovação do poder público não pode ser penalizado!

Diante da crescente demanda por veículos elétricos, é essencial que os órgãos reguladores atuem rapidamente para preencher essa lacuna legislativa e regulamentar, criando normas de segurança específicas, capacitando profissionais no tema e apontando os equipamentos adequados para o combate específico ao fogo causado por baterias de lítio.

A regulamentação proposta deve priorizar orientações que auxiliem a ajustar os projetos futuros, sem penalizar os empreendimentos imobiliários já existentes, com ênfase na adaptação e na segurança.

O desenvolvimento de normas específicas pelos Corpos de Bombeiros poderia agregar orientações claras para que edificações já existentes possam adaptar suas instalações de forma eficiente e segura, sem a necessidade de mudanças radicais.

A expansão da infraestrutura para veículos elétricos é essencial para a mobilidade sustentável, mas precisa ser acompanhada por normas de segurança robustas e específicas para garantir a proteção dos usuários. Garantir uma regulamentação adaptável e orientada ao futuro é essencial para que consumidores, autoridades e até mesmo incorporadoras caminhem juntos em direção a um ambiente seguro, sustentável e juridicamente amparado para o uso de veículos elétricos no Brasil.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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