A reforma tributária em curso no Brasil é hoje um dos assuntos predominantes nas discussões dos gestores públicos e continuará sendo relevante por um longo período.
Em estudo recente publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é possível observar que o Espírito Santo é um dos estados em que a economia será impactada positivamente com a reforma, mas em todos os cenários utilizados, o impacto no crescimento da economia capixaba será inferior à economia nacional. Isso significa que o Estado terá que desenhar e executar diversas estratégias de desenvolvimento para promover o crescimento, de forma que o Espírito Santo não distancie do crescimento da economia brasileira.
Entre as estratégias já anunciadas pelo governo estadual, configura-se o turismo como vetor de desenvolvimento. A justificativa reside no fato de que, com a reforma, os impostos sobre o consumo serão cobrados no destino, onde os bens e serviços serão efetivamente consumidos. Neste caso, para ampliar a base de arrecadação é necessário ampliar o consumo em cada localidade, e o turismo poderá atrair consumidores para o Espírito Santo.
Em discussões recentes no Observatório do Desenvolvimento Capixaba (ODC), destacamos alguns pontos que consideramos importantes serem observados para desenvolver o setor de turismo capixaba. Em primeiro lugar, ressaltamos a necessidade de um plano de construção, principalmente na Grande Vitória, de equipamentos turísticos que sirvam como atrativos turísticos, para além do aproveitamento das belas praias e montanhas que o Estado dispõe.
Sem desconsiderar a importância das inúmeras ações que foram feitas ao longo dos anos para criação e fortalecimento de diversas rotas e melhorias em diversos aspectos turísticos no Espírito Santo, o fato é que há um vazio de equipamentos turísticos marcantes no imaginário social que possam trazer competitividade para o Espírito Santo.
Em segundo lugar, é necessário o estabelecimento de um calendário consolidado de grandes eventos no Estado e que seja atrativo para o turista. A ideia fundamental é que tais eventos, conjuntamente, passem a atrair um fluxo contínuo de turistas ao longo do ano, reduzindo a dependência da sazonalidade verão/inverno, além da possibilidade de direcionamento do perfil do turista para determinados eventos que possam induzi-lo a um maior tíquete médio de consumo.
Em terceiro lugar, não é possível pensar em dinamização do turismo sem uma infraestrutura adequada. É necessária uma infraestrutura básica que torne as cidades atrativas, em primeiro lugar, para seus habitantes. Isso envolve saneamento, energia, segurança, educação, e também, em segundo lugar, para o turista: redes de internet e telecomunicações disponíveis e ruas minimamente organizadas e sinalizadas.
Em quarto lugar, vale dizer que o Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Espírito Santo – DRS, conduzido pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), tratou profundamente das potencialidades e desafios do turismo no interior do Estado. Dele, pode-se derivar, com certa facilidade, um plano regional de turismo, considerando as realidades específicas de cada território.
Por fim, articulando um programa adequado de investimentos em equipamentos turísticos, oferta planejada e contínua de eventos ao longo do ano e com a infraestrutura adequada das cidades, garantimos as condições essenciais para a viabilidade do turismo como uma atividade econômica, ampliando a demanda pela experiência turística que o Espírito Santo pode oferecer.
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