A revolução Cubana de 1959 foi um dos principais marcos anti-imperialistas da história contemporânea da América Latina. A ilha do Caribe passou a ser uma vitrine do socialismo no continente americano e com forte oposição da principal potência global que emergiu da segunda guerra. Um verdadeiro símbolo de resistência à pressão norte-americana, que tenta impor o seu controle sobre a ilha.
A dificuldade enfrentada pelo embargo econômico imposto à ilha foi atenuada pelo alinhamento do país caribenho à extinta URSS. A parceria econômica entre Cuba e os países do Leste Europeu permitiu um período de grandes avanços sociais na ilha, contribuindo para o aumento da escolarização, a redução da mortalidade infantil, o aumento na expectativa de vida e os avanços na medicina e no sistema de saúde para toda população.
A liderança, o carisma e a inteligência de Fidel Castro também foram um grande fator de agregação do povo cubano. Mas os avanços inegáveis advindos da revolução começaram a fazer água com o desmoronamento do socialismo real no Leste Europeu e o consequente endurecimento do embargo econômico.
Mas não há unanimidade em torno do sistema político adotado em Cuba, após a queda de Fulgêncio Baptista. A hostilidade do império vizinho sempre foi motivo de instabilidade na região, que chegou ao auge com a crise dos mísseis em 1961. Neste momento se acentua quando há uma sociedade hiperconectada, por meio das redes sociais, já dita por pesquisadores como Manuel Castells, na qual jovens são estimulados cada vez mais para o consumo em larga escala.
A saída dos revolucionários irmãos Castro, Fidel e depois Raúl, depois de 62 anos no poder, também fez arrefecer a idolatria por um grande líder, que não é o caso de Miguel Díaz-Canel, apesar de ser um socialista, como seus antecessores.
Além disso, a pandemia do novo coronavírus foi controlada pelo país, desde o início, muito devido a sua medicina avançada e ao desenvolvimento precursor de sua própria vacina. No entanto, com o isolamento social, o turismo, que sempre foi a principal fonte de renda da ilha caribenha, contribuiu para a pior crise que o país já passou desde a desintegração da ex-URSS.
Com índices de contágio baixo, a ilha caribenha voltou a receber turistas, mas agora sofre com o avanço da covid-19, infelizmente. Foram registradas 29 mortes em 13 de julho, alto demais para um país que ficou praticamente três meses deste ano sem ninguém falecer.
A todos os democratas do mundo, essas manifestações em Cuba despertam apreensão e esperança, em virtude de Cuba ser manter digna no propósito de uma sociedade justa e igualitária. Essas não podem ter retrocesso, pelo contrário! Devem avançar! O povo Cubano pode perder uma oportunidade histórica de fazer a segunda revolução, inclusiva, democrática e que preserve as conquistas sociais alcançadas.
O Vietnã também passou por vários problemas, inclusive por uma guerra longa e assimétrica com os EUA. Mas hoje o país é umas das economias que mais crescem no mundo, com as reformas econômicas estruturais implementadas a partir da década de 1990.
O povo cubano tem o destino em suas mãos. Para atender a todos, é preciso tocar as reformas, com foco na democracia, que possam satisfazer e defender aos interesses do valente povo cubano, em um país que já atende as necessidades básicas, como saúde, educação e transporte, embora muito precarizado com o embargo econômico.
O povo cubano já deu inúmeras provas ao longo da sua história de que a independência, a busca pela redução das desigualdades e a liberdade plena são valores inegociáveis. Cuba não vai capitular ao designo do império. A manifestação de parcela do povo cubano precisa ser ouvida e atendida pelos dirigentes cubanos.
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O Chile passou por situação análoga no ano passado e a sociedade saiu fortalecida. Que o povo cubano encontre um caminho para a renovação do socialismo que atenda a todos, assim como disse o líder José Martí: “Esqueço o meu mal, quando curo o mal dos demais”.
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