Muito se discute atualmente sobre a diversidade presente em nossa sociedade, seja esta discussão em termos de diversidade sexual, gênero, raça ou cultura. Apesar das muitas barreiras, grupos marginalizados vêm lutando para conquistar espaços em diversos âmbitos. Para exemplificar a força dessa luta, de acordo com os dados da Aliança Nacional LGBTI+, em 2020 temos nacionalmente um número recorde de pré-candidatos LGBTI+ concorrendo às eleições municipais. Em território capixaba, houve um aumento no número de mulheres pré-candidatas, passando de 42 em 2016 para 54 em 2020.
Porém, apesar do avanço nas discussões, que ocupam, com muita luta, cada vez mais espaço nos meios políticos, acadêmicos e até religiosos, o preconceito e a discriminação continuam sendo fenômenos vivenciados cotidianamente por aqueles que fogem às normativas socialmente estabelecidas. Tais fenômenos podem ser evidenciados, por exemplo, na menor quantidade de representação política da população negra.
O preconceito é definido como uma atitude de rejeição à proximidade ou hostilidade contra uma pessoa ou um grupo, atitude que está embasada em estereótipos socialmente atribuídos. Desta forma, os estereótipos são a base do preconceito, levando a um juízo de valor negativo com relação àqueles que são vistos como pertencentes a estes grupos.
Assim sendo, é a partir da associação entre estereótipo e preconceito que se dá o ato discriminatório. O preconceito e a discriminação inegavelmente impactam quem os sofre, afetando sua saúde mental e física, acesso às oportunidades e às políticas públicas.
Pessoas LGBTI+, por exemplo, apresentam o dobro de probabilidade de desenvolverem transtornos psicológicos como a depressão e a ansiedade quando comparadas com pessoas heterossexuais e cisgêneras. Embora as discussões e lutas por direitos sejam geralmente protagonizadas por pessoas e/ou grupos vítimas do preconceito e discriminação, é fundamental refletir sobre como estas atitudes afetam quem as praticam, pois é a partir da discussão simultânea e, principalmente, do afeto, que se torna possível a desconstrução das barreiras socialmente estruturadas advindas dos juízos de valores negativos.
A valorização da diversidade e o respeito se colocam então como questões centrais para o convívio social sadio. Entendendo a pluralidade na forma de existir, torna-se indispensável o reconhecimento das diversas formas de vida para o desenvolvimento coletivo da nossa sociedade. Ou avançamos juntos, tendo o respeito como premissa básica, ou simplesmente não avançamos.
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Laís Sudré Campos é psicóloga clínica e coordenadora do projeto de pesquisa Homofobia e atitudes de estudantes de Psicologia face à homossexualidade, desenvolvido na Faesa. Ana Eliza Rocetti Nascimento é aluna de iniciação científica da Faesa.
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