A vacinação contra a Covid-19 começou, no Brasil, em 17 de janeiro. Até o dia 22 de fevereiro, o país imunizou 5.982.640 pessoas, segundo dados levantados pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias estaduais de Saúde. Parece muito, mas esse número representa apenas 2,83% da população brasileira.
O Brasil demorou muito para aprovar o uso emergencial da vacina. Tão logo iniciou a campanha, muitas falhas no gerenciamento, que vão desde a distribuição e o armazenamento até erros na aplicação, vieram à tona. Nesse ritmo e com todos esses desafios, a imunização de boa parte dos brasileiros deve demorar um pouco.
Para se ter ideia, segundo estimativa feita pela consultoria Airfinity, a pedido da CNN Brasil, caso tudo ocorra bem durante a campanha, o Brasil levará dez meses para vacinar 75% da população. Mas, em um cenário ainda cheio de incertezas, essa hipótese pode não acontecer.
É preciso superar os entraves políticos e gerenciais criados em torno da vacina para conseguir imunizar o máximo de pessoas ainda em 2021. O brasileiro tem pressa, pois a pandemia tem tirado não só a vida, mas também o emprego e os sonhos dos trabalhadores. E a situação tende a piorar: segundo pesquisa publicada pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), com o fim do auxílio emergencial, o número de miseráveis em território nacional tende a crescer absurdamente. Acreditamos que cerca de 4 milhões de brasileiros estão sujeitos a caírem na extrema pobreza, sobrevivendo com menos de quatro dólares por dia.
A retomada da economia só vai acontecer, portanto, com a vacinação em massa da população. O próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu isso no final de 2020. Com a imunização das pessoas, as incertezas com o futuro tendem a cair, a confiança dos empresários aumenta e, com mais investimentos, novos postos de trabalho são criados e o consumo tende a crescer também.
Por outro lado, sabemos que o Brasil carrega, há muito tempo, a chaga da má gestão porque nunca se preocupou com um plano estratégico de nação. Entra e sai governo e o que vemos, a cada dia, é o diversionismo político gritante. Em plena pandemia, isso ficou ainda mais evidente e assustador. Sem contar que o mundo está ainda mais volátil e complexo. Daí a urgência de sairmos do amadorismo, da gestão do improviso.
Não restam dúvidas de que o país precisa da vacina para voltar a produzir. Contudo, é imprescindível que o governo federal encare a Covid-19 com mais cientificismo e menos negacionismo. Por isso, os profissionais de administração vêem na vacina condição sine qua non para retomada da economia e dos empregos. Vemos no imunizante a esperança para, ainda, restabelecer as atividades educacionais tão fundamentais para a formação de quadros profissionais diferenciados.
Enquanto isso, seguimos sonhando com o fim da pandemia, esperando com coragem e paciência a nossa vez na fila do imunizante. Mesmo com a vacina, temos conhecimento de que os protocolos sanitários de segurança como distanciamento social, higienização das mãos e uso de máscaras ainda serão necessários nas organizações para evitar o avanço da doença.
Mas, como bons administradores, estamos preparados para ambientes cada vez mais complexos e disruptivos. Afinal, são as exigências dos novos tempos e, quem não estiver preparado — e vacinado — suncumbirá de vez.
O autor é presidente do Conselho Federal de Administração
* Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta
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