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É economista formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)

Risco de ruptura institucional traz graves consequências à economia brasileira

O Brasil ao longo das décadas construiu um ambiente institucional um tanto quanto díspar, tendo alguma previsibilidade institucional, porém previsivelmente caótico

  • Tiago Luiz Freitas Roque É economista formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)
Publicado em 10/01/2023 às 14h53

“Por que as Nações Fracassam: As Origens do Poder, da Prosperidade e da Pobreza” é um livro de fundamental leitura para entendermos a atualidade. Seus autores, os professores Daron Acemoglu e James A. Robinson, investigam o papel das instituições no desenvolvimento dos países e explica assim por que alguns se tornam ricos e outros não.

Nesse contexto, as instituições não são apenas os órgãos públicos e empresas, mas também, grosso modo, as regras pelas quais se dão a produção e a comercialização de bens e serviços. Regras previsíveis e estáveis, soluções tempestivas para litígios e a proteção à propriedade seriam determinantes para que um povo alcançasse a prosperidade.

O Brasil ao longo das décadas construiu um ambiente institucional um tanto quanto díspar, tendo alguma previsibilidade institucional, porém previsivelmente caótico. As constantes denúncias de corrupção, mudanças repentinas de interpretação jurisprudencial, soluções lentas de litígios, um ambiente tributário dos mais complexos e confusos do mundo são verdadeiras amarras para nosso crescimento.

Não obstante, o cidadão brasileiro vivenciou na década encerrada em 2020 o menor crescimento médio de nossa história, a persistente desigualdade e o alto número de desemprego. A crescente insatisfação tem sido explorada com fins políticos-eleitoreiros com frequentes ataques às instituições brasileiras, como o Congresso Nacional, o Sistema Judiciário e a imprensa.

Nesse contexto, passamos em 2022 a eleição mais acirrada da nossa história, e no dia 8 de janeiro de 2023 assistimos perplexos à invasão e depredação do símbolo dos três poderes constituídos, o Palácio do Planalto (sede Poder Executivo), do Palácio do STF e do Congresso Nacional. Ainda temos de avaliar os riscos de ruptura institucional que isso representa para nossa democracia.

Imagem de vídeo de manifestante golpista mostra viatura caída em espelho d'água após invasão de prédios na Praça dos Três Poderes, em Brasília
Imagem de vídeo de manifestante golpista mostra viatura caída em espelho d'água após invasão de prédios na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Crédito: Reprodução / Twitter

O fato é que essa ruptura no curto prazo aumenta a percepção de risco dos investidores e tem efeitos imediatos no câmbio, juros e inflação. A médio e longo prazos, esse ambiente de incerteza mina investimentos e traz sérios danos ao crescimento econômico, uma vez que mudanças bruscas no ambiente institucional costumam ter efeitos deletérios na economia.

A principio, os danos parecem terem sido circunspectos aos danos materiais, porém demonstram patentemente que o país carece urgentemente de uma pacificação política em torno de um projeto que o coloque no rumo do desenvolvimento.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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