De tempos em tempos, a medicina apresenta incríveis saltos de desenvolvimento. Nas décadas de 30 e 40, foram descobertos os antibióticos. Nos anos 50 e 60, o surgimento dos medicamentos imunossupressores trouxeram mais segurança para o transplante de órgãos. No campo da técnica cirúrgica, foram desenvolvidos novos procedimentos de controle de sangramento e cirurgias muito menos invasivas.
Há pouco mais de 30 anos eram realizadas as primeiras laparoscopias, cirurgias por pequenos cortes, acompanhadas por meio de um sistema de câmeras de vídeo. Já em 2000, o mundo foi apresentado à cirurgia robótica, antes apenas imaginada em filmes de ficção científica
No passado, ouvia-se frequentemente o aforismo “grandes cirurgiões, grandes incisões”. Hoje, com a experiência clínica e a tecnologia, já enterramos esse conceito.
A laparoscopia trouxe inúmeros benefícios e se tornou o “padrão-ouro” para cirurgias diversas, entretanto, possui alguns inconvenientes. Dentre eles, dou destaque para a visão bidimensional da anatomia, isto é, sem sensação de profundidade.
A cirurgia robótica, entretanto, surgiu quebrando paradigmas com a entrada do sistema robótico “Da Vinci” no mercado. Agora o cirurgião opera os instrumentais sentado confortavelmente num console, de onde tem visão em alta definição e tridimensional. Robôs permitem movimentos muito mais precisos, pois eliminam o tremor natural das mãos humanas. Além disso, proporcionam uma amplitude de movimentos que ultrapassa muito a dos punhos.
Na urologia, por exemplo, a robótica é utilizada principalmente em cirurgias de rim, próstata e bexiga. Essa visão magnificada e tridimensional ajuda o cirurgião a visualizar melhor a anatomia, possibilitando a preservação de estruturas fundamentais para que o paciente se recupere bem e em período mais curto.
A cirurgia robótica possibilita ao paciente um retorno mais rápido às atividades diárias, com menor tempo de hospitalização. Há também menor risco de infecção, menor perda de sangue (resultando em uma menor taxa de transfusão) e redução da dor.
Os robôs são ferramentas para exercermos a medicina com mais eficiência, mantendo a saúde e o bem-estar do paciente acima de tudo. Apesar disso, a indicação clínica precisa permanece fundamental para um bom resultado no tratamento.
O autor é urologista da Rede Meridional e professor da Ufes
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