Bauman, sociólogo e filósofo polonês, apresentou ao mundo o conceito de sociedade líquida, onde tudo é consumido com uma fluidez enorme e nada nos prende, inclusive o amor.
Nós hoje nos apaixonamos com a mesma rapidez com a qual deixamos de estar enamorados. Na verdade, consumimos o outro como se fosse o último biscoito do pacote, mas logo depois percebemos que a prateleira está cheia e deixamos de nos importar para vivermos novas experiências avassaladoras.
A liquidez nos isenta de responsabilidade afetiva para com o outro pois acreditamos que a nossa felicidade é para ontem e que nada pode nos impedir. A internet grita “VIVA”!
Contudo, a mesma internet fica agitada com os casos que demonstram essa liquidez. Três exemplos nos últimos tempos geraram grandes debates morais sobre o amor - Luísa Sonza expõe a traição de seu namorado Chico, para quem compôs uma música; Bruna Biancardi demonstra nas redes sua insatisfação por Neymar estar vivendo uma vida de solteiro enquanto ela passa pelas dificuldades de gestação; Preta Gil, com câncer, é traída pelo marido com uma pessoa do próprio núcleo de amizade! E por aí vai.
Estamos aqui falando de homens, com maior facilidade, pois são mais expostos em seu comportamento líquido que as mulheres, afinal vivemos em uma sociedade misógina e machista que desde cedo ensina a meninos que eles devem ter muitas parceiras para serem considerados realmente homens. Todavia, a modernidade líquida também já alcançou as mulheres e muitas de nós temos reagido a ela com descartes emocionais, afinal ao mínimo sinal de “desinteresse” corremos, mas esquecemos de perguntar se algo está acontecendo com o “desinteressado”.
E o que tudo isso nos remete ao término do casamento de Sandy e Lucas Lima? Não seria apenas mais um casal a se separar? Na verdade, não! Ambos são representações do contrário aqui pontuado… pelo menos é o que demonstraram durante toda a sua vida a nós, ávidos telespectadores da rotina alheia.
Eram reservados em sua intimidade conjugal, mas tocavam a todos com as canções de amor composto por juntos. A mídia inclusive já apresentou que era nas crises do casamento que as mais belas eram compostas, pois no momento de resiliência apresentavam um ao outro o que tinham de melhor... melodia em forma de amor.
Mas se até Sandy e Lucas Lima se divorciaram, Bauman então estava certo?! Não! Ambos deixam claro o quanto se amaram e lutaram por esse amor conjugal. Na liquidez não há luta!
Olhamos para eles e diferentemente de outros casais não os criticamos ou saímos fazendo o comentário “daqui a pouco arranjam outro”, pois eles demonstram o amor romântico deixado de lado pelo consumo, mas ao mesmo tempo desejado por todos em seu íntimo.
Na verdade, a sociedade tem nos obrigado a ser líquidos em uma lógica cada vez mais contradita! Abandonamos para não sermos abandonados, pois sabemos que somos descartáveis. Então que o outro sofra primeiro. Bauman dizia que a sociedade moderna sofreria demais devido ao amor líquido, e humildemente acrescento... sofreremos e sofreremos sozinhos!
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