Saneamento básico é ponto vital de cidadania e valorização da vida

Fica o clamor por cuidado com o saneamento, ponto vital de bem-estar, cidadania e valorização da vida

Publicado em 05/07/2019 às 15h38

Córrego Abissínia, da Bacia do São Mateus, recebe esgoto e está poluído

Doutor Hércules*

Correndo por debaixo das ruas das cidades que habitamos há esgoto. Em alguns locais, tratado, em outros, não. A afirmação que pode parecer simplória é necessária. Afinal, o que não pode ser visto não é lembrado e, assim, políticas amplas, efetivas e globais que ofereçam a universalização do saneamento básico ficam para depois.

O preço da ausência de investimentos substanciais nesta área é alto. Afinal, a drenagem precária das cidades leva aos grandes alagamentos que há bem pouco tempo vivenciamos na Grande Vitória. E toda essa água suja contamina o solo, inunda residências, destrói plantações e, quando seca, vira poeira; contamina o ar e adoece a população.

Para se alcançar o patamar ideal no tratamento dos quatro serviços de saneamento (água, esgotos, resíduos e drenagem), seria necessário o investimento de R$ 508 bilhões até 2033 de acordo com o site Trata Brasil.

Para cuidar apenas da água e do esgoto, precisaríamos dispor de R$ 303 bilhões em 20 anos. Investimento considerado alto, porém o necessário para evitar o gasto de R$ 1,3 trilhão em saúde. Afinal, não há como medir o valor de uma vida.

São cifras altas, mas não impossíveis. Saneamento é uma política pública de saúde. Beira o absurdo que em 2019 crianças brasileiras ainda morram de diarreia. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a ausência de água tratada afeta principalmente menores de cinco anos, uma vez que eles correm risco maior de exposição a doenças e outros prejuízos causados pela falta de saneamento.

Os dados mostram que 270 mil crianças morrem durante o primeiro mês de vida por uma prematuridade que poderia ser evitada se as mães tivessem acesso à água tratada e saneamento. Ao todo, considerando dados de 2017, quase 400 mil crianças com menos de cinco anos morreram em razão da diarreia no mundo.

O que deixa a situação mais alarmante é que cada R$ 1 investido em saneamento gera uma economia de R$ 4 nas despesas com saúde. Apenas em 2013, de acordo com o Ministério da Saúde, foram 340 mil internações gastrointestinais no Brasil. Cada uma ao custo de R$ 355. Ou seja, se toda população tivesse acesso à água e esgoto tratado, seriam quase 75 mil internações a menos.

Desta forma, é límpido como deveria ser a água que consumimos que investindo em saneamento é possível reduzir gastos com saúde e até mesmo aumentar o número de horas trabalhadas da população, uma vez que, em 2015, estima-se que o custo do não trabalho em virtude de afastamentos por infecção chegou a R$ 872 milhões.

Saneamento é um direito mais do que é básico, é essencial. Fica o clamor por mais cuidado com este ponto vital de bem-estar e cidadania e, também, de valorização da vida esta que, cabe reforçar, não tem preço.

*O autor é deputado estadual e presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa

 

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