No Dia Internacional da Mulher, é fundamental direcionarmos o olhar para as condições específicas enfrentadas pelas mulheres, especialmente no que tange ao acesso ao saneamento básico e suas implicações para a saúde e qualidade de vida.
De acordo com o Instituto Trata Brasil, aproximadamente 15,8 milhões de mulheres no país não têm acesso regular à água tratada, e 41,4 milhões residem em domicílios sem coleta de esgoto. Além disso, 2,5 milhões de brasileiras vivem em casas sem banheiro de uso exclusivo. Esses números evidenciam a enorme lacuna que ainda existe em termos de infraestrutura sanitária e como essa falta afeta diretamente as condições de vida das mulheres, especialmente em áreas rurais e periferias urbanas.
A ausência de infraestrutura sanitária adequada está diretamente associada a diversas condições de saúde que afetam predominantemente as mulheres, como a pobreza menstrual, doenças ginecológicas e doenças de veiculação hídrica.
A carência de banheiros adequados e itens de higiene nas escolas e presídios contribui para a pobreza menstrual. Estima-se que 22% das adolescentes entre 12 e 14 anos e 26% entre 15 e 17 anos no Brasil sofram com essa realidade. A falta de condições básicas de higiene prejudica a saúde e a dignidade das mulheres, além de afetar diretamente seu desempenho escolar e suas perspectivas de futuro.
A ausência de saneamento básico está associada a um aumento na incidência de doenças ginecológicas. Mulheres sem banheiro exclusivo em casa têm 45,4% mais chances de se afastarem do trabalho devido a essas condições, refletindo não apenas na saúde, mas também na produtividade e na renda familiar.
A falta de água potável e esgoto tratado aumenta a incidência de doenças como diarreia, cólera e hepatite A. Em 2019, 51,6% das internações por essas doenças no SUS foram de mulheres. Isso revela como o saneamento deficiente tem consequências diretas para a saúde das mulheres e sua qualidade de vida.
No Espírito Santo, as mulheres representam 51,2% da população, totalizando aproximadamente 1.963.649 indivíduos. Este dado ressalta a importância de políticas públicas direcionadas que atendam às necessidades específicas desse segmento.
Reconhecendo esses desafios, o Governo do Espírito Santo lançou o programa "Mulher Viva +", que integra diversas ações voltadas para a promoção da igualdade de gênero e enfrentamento à violência contra mulheres e meninas. Além disso, a Secretaria Estadual das Mulheres, em parceria com o Instituto Jones dos Santos Neves, desenvolveu o "Atlas das Mulheres do Espírito Santo", que combina dados quantitativos e qualitativos para fornecer um panorama detalhado das condições de vida das mulheres no Estado.

A Cesan – Companhia Espírito-santense de Saneamento também lidera essa pauta, garantindo grandes avanços nos serviços de água tratada, coleta e tratamento de esgoto em prol da saúde de todos que vivem aqui. Em 2024, foram investidos R$ 888 milhões em obras estruturantes de expansão dos serviços prestados pela Cesan, despontando rumo à universalização do saneamento até o final do próximo ano, antecipando em quatro anos o cumprimento das metas estabelecidas pelo marco legal do saneamento.
O caminho para transformar essa realidade é investir no acesso aos serviços de saneamento básico, essenciais para a melhoria das condições de saúde e qualidade de vida das mulheres. A redução das desigualdades sociais nesse contexto requer investimentos financeiros que assegurem avanços nas estruturas sanitárias que, somados a políticas públicas eficazes, possam modificar as condições das gerações atuais e oferecer perspectivas futuras mais dignas.
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