O quadro de saúde de um paciente internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) nos desperta a atenção em diversos aspectos: fragilidade da saúde, expectativa quanto à resposta das medicações e demais terapias, risco de mortalidade e chances de sobrevivência. E cada detalhe do tratamento é importante, para que esse doente receba todo o suporte necessário para a sua recuperação.
Nesse contexto, chamo atenção para algo fundamental para um paciente nessa condição: o cuidado com a saúde bucal. E não se trata apenas de um detalhe. Essa medida tem um impacto direto na recuperação do internado: melhora seu quadro sistêmico e reduz o risco de mortalidade durante a sua permanência na UTI.
Esse conjunto de cuidados voltados para a saúde bucal em ambientes hospitalares é o que chamamos de Odontologia Hospitalar, atuação reconhecida pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) desde 2015.
Evidências científicas fortalecem cada vez mais a importância e necessidade da odontologia hospitalar na vida dos pacientes em estado de saúde delicado. Um estudo realizado em duas UTIs do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, reforçou que a higiene bucal adequada associada aos cuidados odontológicos na UTI reduziu em 21,4% o risco de mortalidade dos pacientes. Os resultados saíram no American Journal of Infection Control.
Só na UTI clínico-cirúrgica (uma das unidades onde foi realizado o estudo), a mortalidade caiu de 36,28% para 28,52% após a intervenção, o que significa uma redução de 21,4%.
Em alguns estados, já vigoram leis que tornam obrigatória a assistência odontológica a pacientes internados em UTI, em hospitais públicos e privados. No Espírito Santo, o Conselho Regional de Odontologia conduz debates e reivindica junto ao Poder Executivo e demais órgãos associados de saúde para que esse projeto de lei passe a vigorar em nosso Estado e, em breve, esse reforço com a saúde também seja uma realidade nos hospitais capixabas.
Não há dúvidas sobre a importância de se manter dentes e boca saudáveis (em todas as fases da vida), e que isso seja cada vez mais difundido para que a prevenção de muitas doenças comece com esses cuidados.
E que os benefícios da saúde bucal sejam um direito adquirido para melhorar as condições dos pacientes internados em unidades de terapia intensiva. Um direito que pode fazer a diferença e contribuir para o restabelecimento da saúde, da forma mais digna possível, e apostando em todos os recursos que a medicina dispõe para que a vida saia ganhando.
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