Autor(a) Convidado(a)
É médica ginecologista e mastologista

Saúde da mulher: dores podem esconder doenças ginecológicas sérias

As dores incapacitantes são recorrentes na rotina de quem tem endometriose, e essa condição de sofrimento compromete diversas áreas da vida das pacientes, inclusive o lado profissional

  • Thaissa Tinoco É médica ginecologista e mastologista
Publicado em 10/05/2024 às 16h33

Conciliar os compromissos profissionais com as responsabilidades domésticas é um desafio para milhões de mulheres que se dividem entre a profissão e a missão de cuidar do lar.

Outro grande desafio em meio a tantas atribuições importantes que elas desempenham diariamente é cuidar da saúde. Algumas patologias são vilãs da saúde feminina e comprometem seriamente a vida profissional de muitas mulheres no auge da trajetória.

Um levantamento do Ministério da Previdência Social (INSS) revelou que o mioma uterino foi a principal causa de afastamento do trabalho registrado pelo órgão no ano passado. Só no primeiro semestre de 2023, foram mais de 21 mil casos de pacientes que precisaram se afastar das atividades profissionais. Os números não surpreendem, tendo em vista que cerca de 80% das mulheres em idade fértil apresentam essa condição, segundo estimativa da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

Os miomas uterinos podem causar um aumento no fluxo menstrual e, devido a isso, pode evoluir para um quadro de anemia; além de dores pélvicas e, dependendo do tipo da lesão, também pode afetar a fertilidade.

Algumas doenças ginecológicas trazem sintomas bastante dolorosos e, por isso, comprometem a jornada de um número elevado de trabalhadoras. Um exemplo é a endometriose, patologia crônica que afeta cerca de 10% das mulheres.

As dores incapacitantes são recorrentes na rotina de quem tem endometriose, e essa condição de sofrimento compromete diversas áreas da vida das pacientes, inclusive o lado profissional.

Um estudo da Academy of Managed Care Pharmacy, organização norte-americana, analisou cerca de 1,4 mil mulheres diagnosticadas com endometriose em 10 países, incluindo o Brasil. Os pesquisadores concluíram que uma paciente que tem a doença perde, em média, seis horas de produtividade no trabalho por semana.

Um grande dificultador é que boa parte dessas doenças tem um diagnóstico tardio. Não é incomum mulheres com cólicas intensas, por exemplo, serem mal compreendidas, já que ainda existe aquele pensamento errôneo de que é apenas uma “dorzinha de mulher”.

endometriose
Endometriose. Crédito: Shutterstock

Infelizmente, muitas vezes as queixas são interpretadas como um exagero ou desculpas de quem está fazendo “corpo mole”. E não raramente isso acontece no ambiente familiar e profissional, o que contribui para que milhares de mulheres prolonguem uma vida de sofrimento (muitas vezes silencioso) com dores que podem esconder doenças ginecológicas sérias.

Apenas nesses exemplos estão incluídas milhões de mulheres que são afastadas do trabalho em razão de problemas de saúde que necessitam de atenção e compreensão, por parte das suas famílias, dos empregadores e também da saúde pública, que precisa priorizar uma assistência mais eficaz para tantas pacientes que sofrem sem o devido tratamento.

Não existe valorização da saúde sem que a população feminina tenha suas necessidades básicas respeitadas. Elas, que tanto se dedicam para cuidar e honrar seus compromissos familiares e profissionais em suas múltiplas atividades, precisam receber o cuidado e o respeito que merecem.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais
mulher Saúde medicina

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.