A saúde mental nunca teve tanta relevância quanto atualmente, e os dados revelam um panorama alarmante no Brasil. De acordo com um levantamento global publicado em março de 2024, que avaliou as emoções em 71 nações, o Brasil figura como o quarto país com os piores índices nesse aspecto.
De acordo com o relatório anual intitulado "Estado Mental do Mundo", o Brasil posiciona-se em quarto lugar, superando, apenas, a África do Sul, o Reino Unido e o Uzbequistão. Ademais, o país é destacado negativamente como o terceiro com maior nível de estresse.
A questão é particularmente séria entre os adolescentes: cerca de 50% dos problemas relacionados à saúde mental aparecem até os 14 anos, mas a grande parte desses casos permanece sem diagnóstico ou tratamento, persistindo até a vida adulta. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), os distúrbios mentais correspondem a 16% da carga global de doenças e lesões na faixa etária de 10 a 19 anos.
De acordo com especialistas da área, os distúrbios mentais mais frequentes, que podem se tornar graves se não forem adequadamente identificados e tratados, englobam depressão, ansiedade, transtorno bipolar, dependência ou abuso de substâncias psicoativas, transtornos de personalidade e esquizofrenia.
Em 2023, pela primeira vez no Brasil, a incidência de ansiedade em crianças e adolescentes ultrapassou a dos adultos, conforme uma análise dos dados da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do SUS, produzida pela Folha de S. Paulo, abrangendo o intervalo de 2013 a 2023.
Durante a fase da adolescência, o processo de desenvolvimento pode afetar a capacidade de um adolescente de lidar com um transtorno psiquiátrico. Essa situação pode gerar desafios na adesão a tratamentos, medicamentosos ou não, o que influencia diferentes áreas da vida do adolescente. Em situações mais severas, isso pode resultar em um sofrimento emocional intenso e insuportável.
A ausência de apoio da família, da sociedade e do setor de saúde pode intensificar a situação, frequentemente deixando o jovem sem opções para lidar com eventuais crises, o que, em certas circunstâncias, pode levar a comportamentos drásticos. Segundo a Opas, o suicídio representa a terceira maior causa de falecimento entre os adolescentes com idades entre 15 e 19 anos.
A impulsividade, que marca essa etapa da vida, combinada com a falta de experiências, diminui a habilidade de lidar com adversidades e aceitar situações. Porém, é nesse momento que ocorre uma maior interação social, decisões importantes são tomadas, conflitos são enfrentados e transformações corporais e fisiológicas acontecem. Todos esses elementos, junto à sensação de desesperança e ao surgimento de distúrbios mentais, apresentam riscos consideráveis se não forem monitorados com atenção.

É imprescindível a participação ativa da família e de pessoas próximas aos adolescentes, incluindo educadores e amigos, na detecção e no tratamento de indícios de distúrbios mentais.
Compreender a situação do jovem, identificar o tipo de dificuldade que ele está vivenciando e oferecer apoio emocional é crucial para o seu bem-estar. Auxiliar na utilização dos medicamentos, garantindo que estejam armazenados de maneira segura, assim como incentivar o acompanhamento psicológico é essencial para o êxito do tratamento.
Entretanto, é preciso procurar o suporte de especialistas competentes para um diagnóstico e terapia corretos. Psiquiatras focados em crianças e adolescentes, assim como psicólogos com formação específica, desempenham papéis fundamentais na recuperação.
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