Uma nova e urgente realidade se impõe no mundo corporativo: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão será a doença mais comum do mundo até 2030. Alerta que, hoje, o transtorno mental já é a segunda causa de perda de dias de trabalho no mundo. Seus dados revelam que 9,3% da população, o equivalente a mais de 18 milhões de brasileiros, convive com a ansiedade. E que em 2020 houve uma alta de 26% do número de concessões de auxílio-doença e de aposentadorias por invalidez decorrentes de problemas de saúde mental.
De forma mais específica, e de acordo com o levantamento mais recente sobre o tema publicado pela Secretaria da Previdência no país (2021), os episódios depressivos são a principal causa de pagamento de auxílio-doença não relacionado a acidentes de trabalho (30,67%), seguidos de outros transtornos ansiosos (17,9%).
As causas do surgimento ou da intensificação de problemas relacionados à saúde mental no ambiente de trabalho são muitas. O Comitê Gestor do Programa Trabalho Seguro da Justiça do Trabalho elenca, entre as principais, a exposição ao assédio moral e sexual, jornadas exaustivas, atividades estressantes, eventos traumáticos, discriminação, perseguição da chefia e metas abusivas.
No período da pandemia, eles são acrescidos das mudanças decorrentes do teletrabalho. Já nos dias atuais pós-pandêmico, o ano de 2022 iniciou com a iniciativa e criação do cargo de Gerentes de Saúde Mental em diversas empresas e pela classificação da Síndrome de Burnout em doença do trabalho - Classificação Internacional de Doenças (CID11) da Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo que entre os principais sintomas estão: a sensação de esgotamento, o cinismo ou sentimentos negativos relacionados ao trabalho, e a eficácia profissional reduzida, além de mudanças severas da legislação de amparo ao trabalhador.
Corroborando com o quadro de agravo e acúmulo de prejuízos da saúde mental entre os brasileiros, a pesquisa global do Instituto Ipsos aponta que 53% dos entrevistados relataram alguma deterioração na saúde mental em 2020. Foi a quinta mais alta entre os 30 países pesquisados.
No que toca as corporações, uma pesquisa da Oracle em 11 países mostrou que 76% dos funcionários consideram que suas empresas precisam fazer mais para proteger a saúde mental. No Brasil, o número é acima da média global – 84%. Em índices apresentados pela Kenoby (2021) com profissionais de recursos humanos, 93% deles disseram que as empresas ainda ignoram as questões de saúde mental.
A promoção da saúde mental no ambiente organizacional demanda estudos, novas habilidades, planejamento e estratégias de intervenção, e também de mudança na cultura orçamentária sobre essa demanda. Os impactos das doenças mentais na produtividade e no absenteísmo (falta ao trabalho) custam US$ 1 trilhão para o PIB mundial, segundo estimativas da OMS. O órgão calcula que em termos de investimento de cuidados, para cada US$ 1 utilizado em prevenção e tratamentos de transtornos, o retorno é de US$ 4.
Como forma de solução a essas demandas urgentes e caos laboral, surge o modelo da Segurança Psicológica que fomenta a condição de um sentimento compartilhado de que o time é um ambiente seguro para contribuir com novas ideias sem medo de julgamento. Confiança, conexão, segurança, ética nas relações, compartilhamento de vulnerabilidade e contenção de julgamentos são as palavras-chaves do modelo. Os dados do Instituto Gallup revelam que, com segurança psicológica, “as organizações podem obter uma redução de 27% na rotatividade e uma redução de 40% nos incidentes de segurança e um aumento de 12% na produtividade”.
A intenção mais urgente é sensibilizar e capacitar os líderes a proporem novos modelos de organização do trabalho e coordenação de ações que promovam bem-estar emocional e mental a todos.
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