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É administrador hospitalar, bacharel em Direito e especialista em Direito Médico. Autor do livro "Atrás da Porta Branca", sobre contratos hospitalares

Saúde não tem preço, tem custo

Os gestores municipais devem entender que a saúde não é um bem mercadológico de preço variável; ela tem um custo que deve ser gerido com excelência

  • Mauro Quintão É administrador hospitalar, bacharel em Direito e especialista em Direito Médico. Autor do livro "Atrás da Porta Branca", sobre contratos hospitalares
Publicado em 01/11/2024 às 15h08

Com a recente eleição de novos prefeitos no Espírito Santo e em todo o Brasil, surge uma oportunidade crucial para reconfigurar a gestão da saúde municipal e aprimorar a saúde pública. Esses novos líderes têm a oportunidade - e o dever - de implementar uma administração visionária e eficaz, apoiada na união entre municípios por meio dos consórcios intermunicipais de saúde.

Fortalecer os consórcios é essencial, especialmente em regiões críticas, como o Norte do Espírito Santo e nos municípios afetados pela tragédia de Mariana. Nesses locais, os desafios de saúde são mais alarmantes e urgentes. É inadmissível que as secretarias de saúde sejam dirigidas por profissionais sem a formação necessária para liderar em um cenário complexo e em constante evolução. O princípio da meritocracia é imperativo: cargos de liderança devem ser ocupados por pessoas com competência e experiência comprovadas.

Os consórcios intermunicipais têm a capacidade de atender às necessidades mais urgentes das comunidades, como a demanda por cirurgias oftalmológicas, colonoscopias, atendimentos em saúde bucal, tratamentos oncológicos e cardiológicos, além do suporte ao autismo por meio de clínicas especializadas. Atenção diferenciada aos povos originários também é fundamental, respeitando suas especificidades e promovendo cuidados de qualidade.

O engajamento dos conselhos municipais de saúde é um pilar indispensável. Esses conselhos precisam ser compostos por profissionais qualificados, com experiência e redes de relacionamento que reforcem a credibilidade das decisões. Dessa forma, evita-se o desperdício de recursos e se assegura o cumprimento dos princípios de responsabilidade fiscal e conformidade com os órgãos de controle, promovendo uma gestão financeira ética e eficiente.

Expandir parcerias intermunicipais e desenvolver novas unidades de saúde, além de otimizar estruturas existentes, é uma solução crucial. Uma gestão criteriosa do transporte de pacientes, concentrando atendimentos em polos regionais, evita deslocamentos de risco, minimiza custos e otimiza o uso dos recursos públicos, beneficiando os habitantes e os municípios.

Sistema Único de Saúde (SUS)
Sistema Único de Saúde (SUS). Crédito: Marcello Casal | Arquivo | Agência Brasil

Lembre-se de que uma população mais saudável aumenta a produtividade, o que se reflete diretamente no agronegócio, no comércio e na economia local. Uma gestão integrada e responsável proporciona crescimento econômico e melhor qualidade de vida para a população.

Os gestores municipais devem entender que a saúde não é um bem mercadológico de preço variável; ela tem um custo que deve ser gerido com excelência. A administração municipal é responsável pela atenção básica de saúde - porta de entrada dos cidadãos ao sistema -, enquanto ao governo estadual cabe a gestão dos internamentos e leitos hospitalares, além dos atendimentos especializados. Cada nível de governo tem suas atribuições e responsabilidades bem definidas, e a eficiência decorre da cooperação e da gestão integrada.

É o momento de inaugurar uma nova era de saúde pública: uma era de união e compromisso entre os municípios, visando à excelência em saúde pública. Porque saúde, de fato, não tem preço; tem custo - e é responsabilidade dos gestores garantir que esse custo seja investido da melhor forma possível para o bem de todos.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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