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É advogada especialista em Contratos

Sem juridiquês: o legal design ajuda a humanizar o Direito

O legal design permite que o contrato fale a língua das partes com recursos gráficos como imagens, links, vídeos e fotos para reduzir o juridiquês

  • Suellen Mendes É advogada especialista em Contratos
Publicado em 06/09/2023 às 11h37

Com o advento das novas tecnologias proporcionadas pela revolução técnico-cientifica-informacional e aprimorada na atual Quarta Revolução Industrial que atravessamos, todas as áreas da vida em sociedade foram impactadas, e a área jurídica não é exceção.

A tecnologia está sendo cada vez mais aplicada ao direito,  para ordenar informações ou compreender e melhor solucionar infortúnios. A tecnologia desencadeou técnicas alternativas de gestão e entrega de serviços jurídicos. Nesse sentido, surge o legal design, que une o design e as leis, trazendo inúmeras benesses aos profissionais do Direito.

Simplificar a leitura e a compreensão de contratos é uma das premissas do legal design, o conceito inovador traz elementos gráficos para garantir clareza e reduzir o “juridiquês”.

O conceito de legal design surgiu em 2013, na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos e apresenta-se como a aplicação de elementos e de princípios que são encontrados no âmbito do design, juntamente com a experiência do usuário na concepção de documentos e de produtos de cunho jurídico, visando tornar os sistemas e os serviços legais mais centrados no ser humano.

Uma pesquisa dessa mesma universidade destaca que 97% das pessoas não leem os contratos antes de concordar na internet, comportamento repetido por muitos na vida real. Entre os motivos que podemos destacar para a prática são os extensos e insossos contratos, muitas vezes escritos em letras minúsculas, que as pessoas não leem, por falta de tempo ou mesmo pelo formato pouco atrativo do documento.

É para evitar situações como essas que o legal design existe. O legal design permite que o contrato fale a língua das partes com recursos gráficos como imagens, links, vídeos e fotos para reduzir o “juridiquês”.

Quando há o entendimento do que está escrito, as pessoas se sentem mais seguras quanto ao negócio que estão prestes a fazer. Nosso cérebro capta melhor as imagens e se recorda com o passar do tempo de maneira clara o que foi visto na figura, isso porque mais de 55% da nossa comunicação é visual.

O contrato com imagens e links permite, ainda, que as partes o consultem a qualquer momento, pois estará em seu celular ou no aplicativo de mensagem em um PDF, facilitando o acesso às informações principais.

Ao simplificar a comunicação jurídica, tornando-a uma linguagem mais clara, torna-se mais rica a experiência do usuário, visto que as informações legais são compreendidas, levando a uma relação mais próxima e transparente entre as pessoas e o Direito. Assim, há uma diminuição da distância entre os profissionais do Direito, clientes e usuários finais, garantindo eficiência na resolução de problemas.

Assim sendo, ao ter mais clareza, é possível minimizar os conflitos. Portanto, urge a necessidade de tornar os documentos mais transparentes e concisos, assim os clientes não precisam buscar assessorias jurídicas somente para traduzir o "juridiquês". Contratos igual bula de remédio com letras pequenas e sem margem são coisa do passado!

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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