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É advogada trabalhista e membro da Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica no Espírito Santo

Semana de trabalho de 4 dias não é um bicho-papão

Primeiro, por conta da busca pela felicidade no trabalho. Nos últimos anos, tem havido um movimento global em direção a uma nova perspectiva sobre o trabalho, com ênfase no bem-estar

  • Edilamara Rangel É advogada trabalhista e membro da Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica no Espírito Santo
Publicado em 27/06/2023 às 13h09

O Brasil está prestes a iniciar um teste inovador no mundo corporativo: uma semana de trabalho com apenas 4 dias. Essa iniciativa faz parte de um experimento conduzido em parceria entre a organização sem fins lucrativos "4 Day Week", especializada em estudos globais sobre a redução da carga horária, e a brasileira Reconnect Happiness at Work.

A medida busca explorar o impacto da jornada de trabalho reduzida tanto para os funcionários quanto para as empresas. Contrariando o senso comum, pesquisas realizadas no Reino Unido revelaram que a redução da jornada de trabalho não apenas agradou patrões e colaboradores, mas também não afetou negativamente a produtividade. É por isso que precisamos entender que a novidade não é um bicho-papão.

Primeiro, por conta da busca pela felicidade no trabalho. Nos últimos anos, tem havido um movimento global em direção a uma nova perspectiva sobre o trabalho, com ênfase no bem-estar e na felicidade dos funcionários. Uma bem aventurada notícia, num mundo permeado pelo burnout.

A ideia central é que um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional pode levar a uma maior satisfação no trabalho e, por sua vez, a um aumento da produtividade e da criatividade. A adoção de uma semana de trabalho mais curta se enquadra nesse contexto, permitindo que os funcionários tenham mais tempo livre para se dedicarem à família, a cursos e a sua própria saúde.

O estudo britânico foi feito com 61 empresas de diferentes setores. Esse resultado vai de encontro à crença comum de que menos horas de trabalho levariam a uma diminuição na produção. Pelo contrário, os funcionários relataram um aumento na motivação e no comprometimento com o trabalho durante os dias em que estavam no escritório.

A redução da jornada pode levar a uma diminuição do absenteísmo e do estresse no trabalho, resultando em equipes mais engajadas e saudáveis. Além disso, a melhoria no equilíbrio entre vida pessoal e profissional pode atrair talentos e aumentar a retenção de funcionários, reduzindo assim os custos de recrutamento e treinamento. Por fim, a produtividade dos funcionários pode ser impulsionada pelo aumento da motivação e pela redução do esgotamento profissional.

 Jovens empresários criativos no escritório
Jovens empresários criativos no escritório. Crédito: shutterstock

E, claro, bom lembrar, a jornada de trabalho de 4 dias por semana não altera nenhum direito dos trabalhadores . O salário permanece o mesmo. Essa jornada de trabalho também é conhecida como escala de trabalho 4×3, ou seja, 4 dias de trabalho e 3 dias de folga.

Hoje, do ponto vista legal, a regra é que a jornada seja de 8 horas diárias e 44 horas semanais. É previsto também o chamado descanso semanal remunerado, que ocorre uma vez na semana. Entretanto, nada impede que a carga horária seja menor. A lei só impede jornadas maiores, e não menores.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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