No longínquo ano de 1996, o site de A Gazeta, então Gazeta Online, surgia nas telas (muitas vezes de cor esverdeada) dos computadores capixabas por meio conexões em linhas discada, com aquele seu som característico. Tempo bem distante mesmo, se levarmos em consideração a evolução do jornalismo on-line e da mídia digital no transcorrer destes anos, inserida em um contexto que passa por disseminação em larga escala de conteúdos e de interações, catapultadas e influenciadas pelas redes sociais digitais.
No ano de 1996, pouquíssimos privilegiados tinham dispositivos móveis, mundo sem aparelhos celulares ou smartphones, usávamos as fichas para falar nos orelhões espalhados pelas cidades, e o Brasil votou pela primeira vez em urnas eletrônicas, nas eleições municipais. Os grandes jornais nacionais lançavam suas versões para a Web, enquanto dividiam espaço com as máquinas de escrever das redações impressas.
E era assim o Gazeta Online, com uma jovem e animada equipe, da qual tive a honra de fazer parte, lá no cantinho da redação, bem próximo ao som das grandes impressoras, que faziam rodar o jornal impresso para ser distribuído no dia seguinte.
O conteúdo das primeiras versões eram basicamente no formato chamado de transpositivo, reproduções das versões impressas, com a edição para a seleção do que era mais importante. Daí foram surgindo colunas próprias, com a luxuosa parceria da CBN, que também estava surgindo na época. Era o caminho a buscar: o processo de união das redações em todas as mídias, a sonhada Convergência de Mídias. Um livro clássico que aborda com maestria o assunto é o "Cultura da Convergência", de Henry Jenkins.
Colunistas também migravam para as versões digitais e lançavam seus blogs, lembrando que os primeiros foram os estadunidenses, abordando os assuntos políticos. E os portais e sítios para aglutinar serviços e informações ganham força. O Gazeta Online vai nesse sentido. Muitos novos conteúdos! Época da cibercultura e inteligência coletiva em alta, enaltecidos nos livros do filósofo Piérre Levy e do sociólogo Manuel Castells.
Até que nos anos 2000, as redes sociais digitais ganham muita força em nossa sociedade. Agora todos poderiam ter sua própria mídia. Ó maravilha! Mas e agora? Quem iria ler? E qual a qualidade que teríamos? Com muito conteúdo, as atenções do público ficam altamente disputadas. Na "Sociedade do Espetáculo" de Guy Debord, surge a economia da atenção, ou seja, vale muito alguém parar e dedicar um tempo para ver o que temos a dizer.
Em meio à propulsão de conteúdos, surgem as fake news e o triste fenômeno da pós-verdade, com robôs e perfis falsos. Também a pós-censura, em que conteúdos postados podem ser massacrados e inibidos, por meio de ataques de ódio. Os filmes "Rede de Ódio" e "O Dilema das Redes" traçam esse panorama de forma assustadora e real. E precisamos ainda tomar todo o cuidado com o cyberstalkers! Quem já assistiu a série "You"?
Por fim, a era da Covid-19, a maior pandemia que se tem notícia da era moderna e que parece sem fim no território brasileiro, mudou nosso comportamento.
Digital influencers ganham ainda mais força, como o fenômeno Juliette, surpreendida ao saber que alcançou 22 milhões de seguidores no Instagram durante sua estadia no BBB 21. Mídias de áudio como Spotify e podcasts, marcas buscando empatia e Tik-Tok ganhando conteúdos de relevância vão dando o tom.
E, claro, todos cada vez mais conectados, contando nossos stories, a cada momento.
Nestes 25 anos, ficam algumas certezas: os avanços frenéticos entrarão em nosso cotidiano de forma cada vez mais rápida, e o conteúdo continua sendo o rei, como diria Bill Gates, mas é preciso pensar no receptor, como lembra Philip Kotler.
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E, principalmente, o fazer jornalismo em qualquer suporte nunca foi tão importante como nesse momento em que precisamos de notícias confiáveis, checagem de apuração, contextualização dos fatos e o agir ético. Informações que sirvam como ponto de partida para traçar nossos caminhos e tomadas de decisão em nossas seis principais áreas da vida.
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