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Sucessão familiar no agronegócio: como fazer uma transição sem conflitos?

A transição da gestão da propriedade exige uma série de habilidades e conhecimentos que muitas vezes passam despercebidas pelos sucessores que não possuem a formação ou a experiência necessária para gerir o negócio

  • Renata Erler É especialista em gestão pecuária 360º
Publicado em 17/07/2024 às 16h36

A sucessão familiar no setor agropecuário brasileiro é um tema de grande relevância e complexidade. Envolve a transição da gestão e da propriedade das empresas rurais entre diferentes gerações dentro de uma mesma família. Esse processo é essencial para a continuidade das atividades agropecuárias, mantendo o legado familiar e garantindo a sustentabilidade econômica e social das propriedades rurais.

No entanto, a sucessão familiar no agro enfrenta diversos desafios, que vão desde questões emocionais e de relacionamento até aspectos legais e de gestão.

O setor agropecuário é uma das principais bases da economia brasileira, e a agricultura familiar, em particular, desempenha um importante papel. Segundo dados do Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 77% dos estabelecimentos agropecuários do país e cerca de 23% da área total cultivada pertencem a operações familiares.

Sendo assim, a sucessão familiar nas propriedades rurais é fundamental para assegurar a continuidade das atividades produtivas, preservar o conhecimento acumulado ao longo das gerações e promover o desenvolvimento sustentável das comunidades rurais.

Mas ainda existe uma série de desafios que dificultam esse processo de transição entre as gerações. Baseado na minha experiência como especialista em gestão pecuária, categorizei esses desafios em quatro grandes grupos: emocionais e de relacionamento, legais, financeiros e de gestão.

O âmbito das questões emocionais e relacionais é complexo, já que é um processo que mexe com os sentimentos e expectativas de todos os membros da família. Conflitos familiares, disputas, rivalidades, vocação, expectativa de plano de vida e preparação dos sucessores são alguns pontos que podem dificultar a continuidade das atividades.

A questão legal também tem um grande peso, já que a legislação brasileira sobre sucessão e herança impõe uma série de requisitos e procedimentos que precisam ser observados. Todos os processos são custosos, desde o inventário até a tributação na transferência de propriedade.

Os desafios financeiros também não passam ilesos. A viabilidade econômica da propriedade é um fator determinante para a continuidade das atividades, e a falta de recursos financeiros para investimentos pode comprometer a sucessão, sendo o endividamento um grande problema nas propriedades rurais.

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Agronegócio . Crédito: Shutterstock

Por fim, os desafios de gestão compõem um aspecto crucial. A transição da gestão da propriedade exige uma série de habilidades e conhecimentos que muitas vezes passam despercebidas pelos sucessores que não possuem a formação ou a experiência necessária para gerir o negócio de forma eficiente.

A elaboração de um planejamento estratégico adaptado às mudanças de mercado é fundamental para garantir a continuidade e o crescimento das atividades agropecuárias.

Para além dos processos legais que facilitam, é de extrema importância destacar a educação formal e especializada – essa que é a base de todo negócio de sucesso e fornece os conhecimentos técnicos e de gestão necessários para a administração de qualquer empresa, mas muitas vezes é negligenciada no setor agropecuário.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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