A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a pesquisa clínica com a terapia CAR-T Cell no Brasil, traçando um marco significativo na luta contra o câncer. A notícia de que um paciente teve remissão completa da doença após receber esse tratamento é motivo de esperança e celebração, afinal, câncer (em todas as suas formas) é uma das doenças mais devastadoras da atualidade, estando entre as que mais matam no país.
Vale ressaltar, entretanto, que o CAR-T Cell é aplicável apenas para alguns cânceres hematológicos, ou seja, aqueles desenvolvidos no sangue, como as leucemias e linfomas. Ambas, aliás, tiram a vida de mais de 5 mil brasileiros anualmente.
No Brasil, a Anvisa libera a CAR-T Cell para o uso compassivo, ou seja, quando não há nenhuma outra abordagem possível e utilizam-se terapias ainda em estudo para tentar salvar a vida do paciente. Nos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration) já autoriza tratamentos do tipo desde 2010.
O objetivo do estudo clínico autorizado pela Anvisa em setembro é avaliar a segurança e a eficácia no tratamento de pacientes com leucemia linfoide aguda B e linfoma não-Hodgkin B, em casos de reaparecimento da doença ou de resistência ao tratamento padrão, que variam entre quimioterapia, radioterapia e terapia-alvo. Embora fundamentais, nem sempre esses procedimentos alcançam a cura e, esgotadas as possibilidades, pacientes e equipes médicas se viam sem mais alternativas.
Até que em 2019, após 60 anos de pesquisas no Brasil e em outro países, o Centro de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto (CTC-USP) aplicou a terapia CAR-T Cell de forma experimental em pacientes com cânceres de sangue, especificamente linfoma e leucemia, que não tinham mais alternativas de tratamento. A maioria alcançou remissão.
A CAR-T Cell funciona da seguinte forma: as células T (células de defesa) são removidas do paciente e modificadas em laboratório para “aprender” a eliminar o câncer. Depois, são recolocadas no organismo, potencializando a defesa natural do corpo. Ou seja, depois de “ensinadas”, as próprias células de defesa do paciente atacam a doença. Como sabemos, esse processo já se mostrou altamente eficaz.
Embora seja importante lembrar que nem todos os pacientes respondem da mesma forma, essa notícia oferece esperança a milhares de pessoas e suas famílias que estão lutando contra o câncer. Também é uma lembrança de que a pesquisa médica e a inovação podem levar a avanços significativos no tratamento do oncológico.
Após a aprovação do início do ensaio clínico, a Anvisa criou um plano de acompanhamento que envolve revisões frequentes dos dados e informações da pesquisa, com ações planejadas até dezembro de 2024, para monitorar de perto o desenvolvimento do produto.
Se os resultados forem bons, o objetivo é registrar o produto rapidamente para que as pessoas tenham acesso a uma opção de tratamento segura, eficaz e de alta qualidade disponível no SUS.
Mesmo que ainda esteja em sua fase inicial de pesquisas, ver que a ciência caminha a passos largos para oferecer mais recursos aos pacientes oncológicos proporciona esperança e motivação a pacientes que, diariamente, enfrentam essa doença tão cruel.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.