A evolução da tecnologia tem transformado profundamente a forma como vivemos e, consequentemente, as relações de trabalho. Com o avanço da internet e o aumento do acesso às ferramentas digitais, modelos como o trabalho híbrido e remoto ganharam relevância, especialmente após a pandemia de Covid-19. Durante esse período, o trabalho remoto se destacou como uma solução eficaz para contornar as restrições de deslocamento e minimizar os riscos de contágio, sendo rapidamente adotado por grandes corporações.
Esse modelo atendeu às expectativas das novas gerações, como a Geração Z, que valorizam mais a flexibilidade e a qualidade de vida, muitas vezes em detrimento de práticas consolidadas ao longo do tempo. Empresas que mantiveram o modelo presencial chegaram a ser criticadas e perderam atratividade no mercado de trabalho. No entanto, à medida que o tempo passou, ficou evidente que o retorno parcial ao escritório oferecia vantagens que o modelo totalmente remoto não conseguia suprir.
O trabalho híbrido, que combina dias de atuação presencial com atividades remotas, tem se consolidado como a alternativa mais equilibrada. Já o trabalho remoto, realizado integralmente fora do ambiente corporativo, tem apresentado desafios significativos. Embora algumas pessoas tenham desenvolvido um alto senso de responsabilidade e consigam manter produtividade e qualidade à distância, a experiência prática tem mostrado que, de maneira geral, muitos profissionais ainda não estão totalmente preparados para essa autonomia.
Empresas como Google, Microsoft e até mesmo o Zoom — ferramenta criada para facilitar o trabalho remoto — deram um passo atrás e reduziram suas operações à distância, reforçando a importância do contato presencial para a colaboração e o desenvolvimento profissional.
Afinal, a tecnologia deve ser usada a favor da produtividade, mas sem ignorar a necessidade do fator humano. Reuniões online são eficientes para alinhamentos pontuais, porém o contato face a face continua sendo insubstituível para o fortalecimento das relações interpessoais e a troca de conhecimento.
Para profissionais em início de carreira, a falta de interação presencial pode comprometer o desenvolvimento de habilidades essenciais, como a leitura da linguagem corporal, a capacidade de lidar com situações inesperadas e a construção de relacionamentos interpessoais. O ambiente de trabalho presencial proporciona uma curva de aprendizado única, que contribui para a evolução profissional de forma mais estruturada. Sem essa vivência, os jovens podem enfrentar dificuldades para se destacar no futuro.

Além disso, o trabalho remoto pode levar a uma desconexão da cultura organizacional, dificultando a avaliação de desempenho e o reconhecimento do mérito individual. A meritocracia, pilar fundamental da economia de mercado, exige proximidade e acompanhamento para garantir que os esforços sejam observados e devidamente recompensados.
O debate sobre o futuro do trabalho está longe de acabar. Embora a tecnologia continue evoluindo, a experiência tem mostrado que a presença física ainda desempenha um papel crucial para garantir comprometimento, engajamento e entregas de qualidade. O equilíbrio entre a flexibilidade e a necessidade de interação humana será o grande desafio dos próximos anos.
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
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