Uma importante definição do Transtorno do Espectro Autista (TEA), segundo Associação Americana de Psiquiatria (APA), 2013, refere como um conjunto de anormalidades do comportamento, caracterizado por prejuízo da interação e da comunicação social, acompanhado por um repertório restrito e repetitivo de comportamentos, atividades e interesses.
Devido à grande variabilidade nos níveis de suporte relacionados aos prejuízos nas habilidades sociais, comunicação e padrões de comportamento, tornou-se mais apropriado o uso do termo Transtornos do Espectro Autista, pela classificação internacional do DMS V (2013).
O autismo desperta grande interesse de estudos nas últimas décadas por sua causa ainda ser desconhecida, com forte componente genético e fatores ambientais, mas também devido a sua elevada prevalência (2,2 % da população americana). Para cada 36 crianças que nascem nos EUA, uma será classificada com o TEA. Esses dados são referentes a crianças de 8 anos de estados americanos, segundo CDC 2023.
O aumento da prevalência do TEA está associado a um maior reconhecimento pela equipe médica e terapêutica sobre Transtornos Globais do Desenvolvimento e do autismo, maior conhecimento das condições médicas associadas ao TEA e a uma avaliação mais criteriosa desses profissionais quanto ao diagnóstico precoce e também tardio.
O diagnóstico atualmente é totalmente clínico, realizado pelo médico capacitado e baseado numa avaliação do neurodesenvolvimento, além de avaliações do comportamento e socialização em todos os ambientes que o indivíduo está envolvido.
Não há até o momento no mundo qualquer exame de imagem ou laboratorial que diagnostique o autismo. O transtorno deve se manifestar antes dos 3 anos e permanece ao logo da vida. Sabendo que, quanto mais precoce o diagnóstico, melhores são as chances de evolução da criança para uma vida mais funcional na vida adulta.
O grande conjunto de sinais e sintomas apresentados precocemente nas crianças são abordados nas três grandes áreas abaixo:
1. Comprometimento qualitativo da interação social: isolamento social ou comportamento social impróprio como gritos/choros imotivados/agressivo, Indiferença afetiva ou demonstrações impróprias de afeto (não reconhece face tristeza/alegria), padrões de contato visual restrito e /ou expressões faciais atípicas (olhar canto de olho/ visão de outro ângulo de um objeto), interesses sensoriais atípicos, incapacidade de servir-se de atenção conjunta, preferência a atividades solitárias ou que envolvem os outros apenas como auxílio mecânico)
2. Comprometimento qualitativo da comunicação verbal e não verbal: atraso na aquisição / regressão da linguagem, ou total ausência dela; falta do desenvolvimento de uma linguagem comunicativa; inabilidade em iniciar ou manter uma conversação apropriada; não compreensão das sutilezas da linguagem (pragmática); timbre, entonação, velocidade, ritmo e ênfase anormais; ecolalia (repetições de palavras ou frases de modo imediato ou tardio), apatia ao diálogo e pouca alternância da prosódia
3. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, atividades e interesses: não utilizam simbolicamente os brinquedos; apego intenso a objeto inanimado; podem ter extraordinária capacidade para perceber detalhes insignificantes com preocupação persistente com partes de objetos; marcada resistência a mudanças e insistência em determinadas rotinas; estereotipias comportamentais, anormalidades de postura; baixa tolerância a sons altos; hipersensibilidade ao toque, cheiro, sabores
A maioria desses indivíduos com o TEA continuarão a precisar de algum apoio médico ou terapêutico ou serviços adicionais ao longo de sua vida adulta. Isso é particularmente preocupante, uma vez que nos Estados Unidos o custo estimado do tratamento em crianças ultrapassa os US$ 60 bilhões. Quando nos referimos à população adulta com o transtorno do espectro autista, esse número fica ainda maior, sendo estimado quase US$ 170 bilhões.
Sabemos que a intervenção precoce com apoio de uma equipe multidisciplinar com psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e pedagogas são de extrema importância para a real evolução dessa criança que necessita de um suporte maior de estímulos para se desenvolver. Sendo assim, quanto mais precoce o diagnóstico e o encaminhamento às terapias (independentemente se for TEA ou não), maior chance essa criança terá de ser um adulto funcional.
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