O turismo de negócios e eventos pode ser considerado um conceito pouco conhecido, mas já é um dos mais dinâmicos e importantes dentro do setor turístico do Brasil. Agora, com a retomada dos encontros presenciais e recuperação econômica após a pandemia da Covid-19, o segmento encontra ainda mais fôlego para crescer, desenvolver-se e dar bons frutos e atuar como dínamo da economia.
Também representado pela sigla MICE (de Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions or Events – Reuniões, Incentivos, Conferências e Exposições ou Eventos), o segmento que compreende o deslocamento de pessoas para encontros de interesse profissional e institucional, seja uma reunião de trabalho, seja participação em evento, difere do turismo de lazer não apenas na decisão dos destinos e sua finalidade, como no perfil do turista.
O turismo de negócios e eventos implica tratar com consumidores mais exigentes, com demandas e cuidados específicos. Destaco três exigências inegociáveis que devem compor a oferta turística ou “componentes da oferta”. Primeiro o turista de negócios deseja se sentir acolhido e recebido por profissionais bem treinados. Ele também quer instalações adequadas, com questões sanitárias e higiênicas bem resolvidas e rigoroso controle da qualidade nos serviços ofertados. Por último, ele deseja sentir-se seguro, no ambiente escolhido.
De fato, o volume gerado pela receita do turismo de negócios e eventos ainda é bem menor quando comparado ao de lazer, principalmente no Espírito Santo. No entanto, estar atento ao perfil do turista deste segmento como propor uma infraestrutura que o atenda é fundamental, uma vez que essa atividade supre as sazonalidades que eventualmente ocorrem no setor hoteleiro. Dado que ocorre independentemente da existência de atrativos naturais e culturais, e garantem o chamado turismo secundário: de compras, gastronômico ou cultural.
Mas nem tudo são flores. Há de se falar nos desafios para consolidar o nosso Estado como destino turístico de negócios e eventos
Estamos permeados de grandes empresas de minérios e granitos, um afamado complexo portuário, usinas, além de uma fruticultura e cafeicultura fortes, entre outros. Temos uma localização privilegiada, próxima com os principais pólos econômicos do Brasil, que atrai turistas principalmente de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e grande parte de Brasília. Temos um dos melhores aeroportos do país, entretanto com raros e poucos eventos na prateleira de alcance nacional.
Falta investimento, falta planejamento, divulgação maciça e apoio do 1º Setor para que o Estado faça parte do catálogo nacional de eventos com a força que merecemos.
Vou além: falta o básico para crescermos enquanto potência que podemos ser no turismo de negócios e eventos no Brasil, com eventos de grandes portes que trariam benefícios para toda cadeia econômica capixaba. Afinal, o Estado nem sequer possui um centro de convenções de grande porte para se tornar palco de grandes eventos, apesar de estar na região Sudeste, diferente de Aracaju (SE), Manaus (AM) e Natal (RN), que já possuem essa estratégica ferramenta.
Faça essa conta comigo: imagine um evento em um estruturado centro de convenções que suporte cerca de cinco mil turistas no Espírito Santo. Isso significa, cinco mil pessoas falando do nosso Estado em outros locais, divulgando nossas orlas e montanhas, além promover o desenvolvimento e melhoria socioeconômica e de outros segmentos, teríamos multiplicadores e divulgadores naturais Brasil afora.
Nesse passo, por fim, a intervenção do 1º Setor com ações e direcionamento de recursos públicos ao Turismo de Negócios e Eventos pode ser decisivo para inserir o Espírito Santo como uma das principais opções do segmento e aumentar a geração de renda, empregos e impostos diretos da atividade.
O turismo, “a indústria dos sonhos”, que não joga plástico no mar, nem fumaça nas nuvens luta por seu reconhecimento!
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