A volta às aulas é um momento que envolve quase todas as famílias. Quem não tem filhos ou netos em idade escolar, tem algum sobrinho, filho de amigo ou vizinho mais chegado enfrentando os desafios dessa fase da vida. E por que eu decidi escrever sobre esse assunto? Para fazer um alerta: um levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) revela o avanço dos casos de miopia entre crianças e adolescentes. A taxa de progressão desse distúrbio visual cresceu em 70% dos pacientes de 0 a 19 anos a partir de 2020. Para 75% dos oftalmologistas consultados no estudo, a causa principal é a exposição aumentada dos jovens às telas de equipamentos eletrônicos.
Uma outra pesquisa igualmente preocupante, publicada em janeiro pelo Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mostra que os moradores das capitais brasileiras e do Distrito Federal aumentaram o tempo gasto no lazer em celular, computador ou tablet (grupo chamado CCT) de 1,7 para 2 horas por dia, entre 2016 e 2021.
Especialistas apontam que, além da miopia, a exposição prolongada a telas pode desencadear a síndrome do uso de aparelhos eletrônicos, que é um cansaço ocular quando aumenta-se muito o esforço visual. Também pode gerar alterações da superfície ocular, piora da síndrome do olho seco, vermelhidão, irritação e coceira.
No caso de crianças, a progressão do grau da miopia pode gerar alguma doença ocular no futuro, como descolamento da retina, catarata ou glaucoma.
Coincidência ou não, 2020 foi o ano do início da pandemia da Covid-19, que levou ao isolamento social, impedindo as atividades ao ar livre e aumentando o uso de telas em casa, para trabalho, estudo ou lazer.
Em 2021, a maioria retomou a rotina nas ruas, mas alguns hábitos ficaram, como o uso excessivo das telas. É urgente que as famílias atentem para essa situação e passem a limitar a frequência no uso de equipamentos eletrônicos. Crianças abaixo de dois anos não devem ser expostas a telas. Entre dois e sete anos, não devem usar mais de duas horas, contando o dia inteiro. Os mais velhos não devem exceder três horas do uso de equipamentos eletrônicos, incluindo smartphone, TV e tablets.
Outro alerta é que o uso excessivo de tela leva ao comportamento sedentário, o que pode prejudicar a saúde como um todo, aumentando a incidência de doenças cardiovasculares ou diabetes tipo 2. É o que explica a pesquisadora da UFMG Pollyanna Costa Cardoso.
Pollyanna orienta evitar o comportamento sedentário fazendo pequenos intervalos para se movimentar a cada hora que a pessoa permanece sentada ou deitada assistindo à TV ou usando outras telas. E para complementar, o ideal é praticar uma atividade física para melhorar a qualidade de vida.
Os responsáveis precisam ter firmeza na hora de colocar algumas regras em casa. É melhor agir no presente para evitar os problemas do futuro.
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