Há exatamente um ano, o Conselho Universitário da Ufes suspendia as atividades presenciais não essenciais e iniciava uma das mais duras jornadas que a Universidade já percorreu: o enfrentamento da primeira pandemia da era pós-moderna, a qual tem se mostrado extremamente agressiva e persistente. As mais de 280 mil mortes registradas no Brasil até o dia 16 de março – e não se sabe quantas centenas não catalogadas como Covid-19 – revelam um saldo devastador, que se junta a tantas outras consequências de ordem social e econômica.
A evolução da pandemia no Brasil tem colocado o país nos piores lugares nos rankings internacionais. Em paralelo, deparamo-nos com atitudes de negação da ciência, o que nos posiciona anos-luz atrás de outros países e expõe ainda mais a população à morte. O quadro que temos hoje, mais de um ano após a descoberta do novo coronavírus, exige que se adote soluções mais consistentes de enfrentamento à Covid-19.
A vacinação em massa é essencial para que possamos criar as condições de recuperação de todos os prejuízos que vêm se acumulando nos últimos meses, penalizando ainda mais os mais pobres e aprofundando as desigualdades sociais. É preciso que se criem as condições para que a maioria da população tenha acesso às vacinas, seja apoiando pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos, seja ampliando o processo de produção de vacinas no Brasil, seja adquirindo mais lotes de outros países produtores.
Registremos ainda que, infelizmente, a gestão da pandemia em nível mundial se faz dentro de uma matriz concorrencial, quando o ideal seria o desenvolvimento colaborativo e solidário de soluções para conter o avanço da doença. Para isso, é essencial o fortalecimento dos centros de pesquisa públicos, com a destinação de mais recursos para o desenvolvimento científico. Mas o que temos visto no Brasil é o inverso, com redução drástica de investimentos em ciência e tecnologia, o que só tem trazido revezes em diversas áreas.
Neste primeiro ano de pandemia, a Universidade Federal do Espírito Santo vem se dedicando exclusivamente a construir soluções para desenvolver suas ações, a fim de cumprir sua missão e seus objetivos e assegurar o direito à educação e a continuidade dos seus programas de pesquisa e de extensão.
O restabelecimento das atividades de ensino de forma remota e emergencial, em setembro do ano passado, permitiu que 1.137 estudantes concluíssem a graduação em 2020 e que seus cerca de 24 mil estudantes dessem continuidade às atividades de graduação e de pós-graduação. Um total de 918 defesas de teses e de dissertações também foram realizadas na forma remota. A fim de criar condições para todos os estudantes participarem das atividades de ensino nessa modalidade, desenvolvemos o primeiro projeto de inclusão digital da Ufes, alcançando cerca de 5 mil estudantes, que receberam computadores e acesso à internet. Além disso, mantivemos assistência a 6.533 estudantes em 2020, que receberam auxílios pecuniários ou de outro tipo.
A Ufes também vem atuando em conjunto com os órgãos estaduais e municipais no apoio às políticas de combate ao coronavírus, no desenvolvimento de pesquisa sobre a doença e suas consequências e na promoção de serviços de apoio à comunidade universitária e à população em geral. Mantivemos em atividade, nesse período excepcional, 7.918 projetos de pesquisa, entre os quais 669 foram criados em 2020 e, destes, 122 são relacionados à Covid-19. O número de programas e projetos de extensão chegou a 830, em 2020, sendo 137 relacionados ao coronavírus.
Esta é a primeira vez que a comunidade universitária da Ufes se depara com uma situação de natureza sanitária de tamanha grandiosidade. As iniciativas e respostas que juntos temos criado e implementado revelam o grau de criatividade, colaboração, compromisso e solidariedade que essa comunidade agrega.
Ao completar este triste e indesejável primeiro ano de Covid-19, solidarizamo-nos com a dor de todos os que perderam seus familiares, amigos e colegas de trabalho.
Queremos também lembrar que a participação de cada um no combate à Covid-19 é essencial. Todos nós devemos nos comprometer individualmente para evitar a disseminação do vírus, adotando medidas de prevenção simples, mas muitas vezes esquecidas ou escarnecidas, como usar máscara, lavar as mãos com regularidade ou usar álcool em gel e manter o distanciamento social. Sigamos. E esperemos poder superar o mais breve possível este momento tão dramático.
O autor é reitor da Universidade Federal do Espírito Santo
* Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta
Este vídeo pode te interessar
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.