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É gerente Global de Desenvolvimento de Negócios de IoT da Paessler

Verão sem caos nos aeroportos brasileiros: o papel da TI e da OT

É fundamental que os gestores dos aeroportos compreendam a era da hipertransparência e atuem para melhorar os serviços oferecidos por um dos mais críticos ambientes digitais do mundo

  • David Montoya É gerente Global de Desenvolvimento de Negócios de IoT da Paessler
Publicado em 14/12/2022 às 13h20

As férias de verão se aproximam e uma sombra cai sobre todos que usarão aviões em seus deslocamentos: a ameaça de caos nos aeroportos. Uma das crises mais recentes aconteceu no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o mais movimentado do país. No dia 9 de outubro de 2022, um acidente na pista causou 233 cancelamentos de voos e impactos em cascata em outros 22 aeroportos brasileiros.

Na temporada de verão na Europa, em junho deste ano, somente a Lufthansa foi obrigada a cancelar 3 mil voos entre Frankfurt e Munique. Há, ainda, crises aéreas provocadas por ataques cibernéticos. Em outubro de 2022, por exemplo, mais de uma dúzia de aeroportos dos EUA sofreram ataques de negação de serviço (DoS) que afetaram suas operações e seus passageiros.

Uma das estratégias para suavizar as crises aeroportuárias é acelerar a convergência entre ambientes OT (Operational Technology) e TI (Tecnologia da Informação). Os aeroportos operam muitos sistemas de OT, incluindo controle de bagagem, energia, controle de acesso e bombas de combustível. Os sistemas de OT nem sempre são monitorados com tanta atenção quanto os sistemas de TI, tornando-se mais vulneráveis a falhas e aos agentes de ameaças. Isso pode causar problemas como interrupção do sistema de bagagens, acesso a luzes de pouso, desativação de sinalização eletrônica, e muito mais.

Do lado da TI, tanto civis quanto funcionários usam a rede dos aeroportos, um ambiente misto e aberto. É comum que os funcionários do aeroporto não tenham controle sobre como os viajantes estão usando diferentes redes Wi-Fi do local.

A ampla visibilidade sobre dispositivos de OT e de TI é a única maneira de identificar e manter um inventário de todos os ativos digitais do aeroporto e seus detalhes de configuração. Isso requer uma visão contextualizada e convergente dos mundos TI e OT.

AEROPORTO SUSTENTÁVEL

A convergência entre OT e TI é essencial, também, para o projeto de um aeroporto sustentável. Trata-se de uma questão crítica para o planeta. As atividades controladas pelos aeroportos perfazem cerca de 2 a 3% das emissões totais da indústria da aviação. Isso representa aproximadamente 15 a 20 milhões de toneladas de emissões de CO2 por ano globalmente.

Durante a 77ª Reunião Geral Anual da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), realizada em 2021, a indústria global de transporte aéreo se comprometeu a atingir zero emissões líquidas de carbono até 2050.

A conquista dessa meta passa pela implementação de uma gestão e controle centralizados e alinhados com as melhores práticas em eficiência energética e sustentabilidade. Para garantir uma infraestrutura mais limpa e mais sustentável, por exemplo, sensores IoT ou IIoT monitoram painéis solares, iluminação por LED e sistemas de água. É fundamental, também, medir em tempo real a temperatura, a qualidade do ar e o estado das entradas de ventilação dos sistemas de ar-condicionado.

Passagem aérea, aeroporto
Viagem, negócios, turismo. Crédito: Pixabay

Já há aeroportos que se destacam por serem energeticamente eficientes. É o caso do Incheon, na Coreia do Sul. Implementações básicas, como a introdução de displays de informações de voos em LED e a substituição de motores de ar-condicionado antigos e ineficientes, ajudaram a reduzir o consumo de energia no aeroporto em 5% e contribuíram com uma redução de 102% nas emissões de gases de efeito estufa. No aeroporto Boston-Logan, nos EUA, a economia de energia após a reforma do Terminal B em 2014 compensou totalmente a carga adicional de energia necessária durante a reforma.

AEROPORTOS INTELIGENTES

Para que conquistas como essas se disseminem também no Brasil, é necessário que o conceito de aeroporto inteligente seja mais conhecido no país.

Aeroportos Inteligentes contam com sistemas que têm dados gerados por sensores e dispositivos OT, TI e IoT configurados para controlar as operações a partir de uma visão única, centralizada. Esse modelo promove a hiperconectividade de todos os ativos que fazem parte do aeroporto. Milhões de sensores geram imensas quantidades de dados que serão objeto de análises qualitativas – a meta é melhorar a experiência das pessoas e empresas que dependem do aeroporto para atingir seus objetivos.

Essa digitalização permite a automação de processos muito diferentes entre si e implementados em toda a área física do aeroporto. Para as pessoas que se preparam para viajar de avião, em especial, o aeroporto inteligente monitora 24x7 voos em trânsito, cruzando dados em tempo real com sensores ativos no solo. Isso acelera o fluxo de passageiros, incluindo as fases de check-in e check-out, recolhimento de bagagem etc.

EXEMPLOS DE SUCESSO

Portões biométricos de embarque desassistido são exemplos de aplicações de aeroportos inteligentes já em ação no Aeroporto Internacional de New Hamad, em Doha. A sempre presente preocupação com a segurança, por outro lado, levou o Aeroporto de Dubai a utilizar um túnel inteligente que, graças a recursos de reconhecimento facial e IA, permite que os passageiros passem pelo controle de passaportes em apenas 15 segundos, sem qualquer intervenção humana. Na China, no Aeroporto de Shezen, está em ação um sistema inteligente de exibição de informações de voo que reconhece os rostos dos passageiros.

Para se chegar a resultados como estes, no entanto, é fundamental derrubar os silos de tecnologia que ainda existem em muitos aeroportos brasileiros. A chegada da rede 5G ao Brasil está causando uma explosão de dispositivos OT, IoT e IIoT nos aeroportos, aumentando a criticidade do ambiente como um todo.

É neste contexto que entram em cena soluções de monitoramento multiplataforma que promovem a convergência entre OT, TI, IoT e IIoT. Uma única interface coloca ao alcance do gestor informações em tempo real sobre a confiabilidade da rede – incluído serviços Wi-Fi para visitantes – o status dos dispositivos de cyber segurança, as bases de dados do aeroporto, a configuração de sistemas CCTV e até mesmo a infraestrutura de energia do data center.

Essa mesma plataforma entrega, também, uma visão detalhada dos ambientes OT. Isso inclui controles biométricos de acessos de pessoas, despacho de bagagem, esteiras e elevadores de bagagem, gestão do sistema de ar-condicionado e todos os sistemas da torre de controle do aeroporto.

Devido à complexidade da operação do aeroporto inteligente, as soluções de monitoramento permitem a configuração de interfaces para aprofundar a análise sobre um elemento específico da rede, seja um dispositivo de TI, seja de OT. A meta é permitir que os gestores do aeroporto tenham uma visão preditiva do todo e dos detalhes do ambiente.

ERA DA HIPERTRANSPARÊNCIA

Os aeroportos que integram tecnologia terrestre e aérea, dispositivos de TI e de OT, obtêm as melhores avaliações dos clientes. Agências de classificação global como a Skytrax incluem como seus critérios mais importantes de avaliação de aeroportos questões como acesso, projeto de terminais, tempo de fila, espera de segurança, orientação e atualizações de informações.

As redes sociais são o espaço onde passageiros descontentes expressam sua frustração. Aplicativos para smartphones aconselham os viajantes sobre as maneiras mais eficazes e sustentáveis de viajar e recomendam aeroportos e operadoras segundo esses critérios.

É fundamental que os gestores dos aeroportos brasileiros compreendam a era da hiper transparência, derrubem os silos e atuem para melhorar os serviços oferecidos por um dos mais críticos ambientes digitais do mundo. Nas férias de verão, e sempre.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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