Esteve tramitando na Câmara de Vereadores de Vitória um Projeto de Resolução que altera o número de vereadores da cidade. De vez em quando esse projeto ronda e ameaça a população local. Atualmente são 15 parlamentares e, de acordo com a última proposta apresentada, semana passada, esse número subiria para 21. Isso iria, inevitavelmente, tornar a Câmara mais cara para os moradores da cidade e teríamos uma quantidade muito grande de vereadores por habitante.
A exemplo das câmaras das capitais da Região Sudeste, considerando suas populações (último IBGE) e sua relação numérica com a quantidade de vereadores, temos o seguinte cenário. A cidade de São Paulo tem 12.176.866 habitantes e 51 vereadores, ou seja, 1 vereador para ada 235.000 habitantes. O Rio tem 1 vereador para cada 132.000 habitantes e BH tem 1 vereador para cada 62.000 habitantes. Vitória tem 327.801 habitantes e, portanto, 1 vereador para cada 22.000 habitantes, aumentando para 21 seria 1 para cada 15.000. Comparando com as capitais, é pouco habitante para cada vereador.
A questão é principalmente econômica. A medida custaria para a população de Vitória um gasto a mais de R$ 3.314.000,00 ao ano, recursos que precisam ter como destino a educação, saúde, segurança pública e assistência social, por exemplo.
O Legislativo, seja aqui ou em qualquer lugar do Brasil, não deve aumentar o seu tamanho, para a população isso é inadmissível. Diante da realidade política e econômica do país, da descrença da população sobre a política brasileira, não é o momento de aumentar o número de vereadores, em qualquer cidade que seja. Agora é o momento de reduzir gastos e gerar resultados satisfatórios. O Brasil de hoje não nos permite tomar uma decisão tão distante do interesse público como esta.
O Brasil de hoje exige de nós, políticos, primeiramente, recuperar a confiança de sua população. Não é tarefa fácil, mas com certeza não são propostas com essa que irão ajudar a trazer a confiança da população de volta, aliás, irá distanciá-la. Temos que estar atentos e em sintonia com o sentimento atual da sociedade. Nós sabemos, de modo geral, o que ela quer e o que não quer. Como representantes, cumpre a nós representá-la.
O autor é professor e vereador de Vitória
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