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Renata Bravo é advogada e fundadora do Juntas e Seguras. Karla Coser é vereadora de Vitória e fundadora do Juntas e Seguras

Violência contra a mulher: falar do assunto é uma forma de enfrentamento

É verdade que muita gente sabe que a Lei Maria da Penha existe, mas ainda precisamos continuar falando dela, precisamos continuar falando dos mecanismos de denúncia e ajuda

  • Renata Bravo e Karla Coser Renata Bravo é advogada e fundadora do Juntas e Seguras. Karla Coser é vereadora de Vitória e fundadora do Juntas e Seguras
Publicado em 08/03/2023 às 11h57

Quase metade das mulheres não buscaram ajuda ou denunciaram após sofrerem episódios mais graves de violência no ano passado, segundo dados da pesquisa Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Instituto Datafolha, divulgada na semana passada. Muitas são as razões para isso: vergonha, descrédito da polícia e das instituições, medo ou mesmo por acreditarem que não tinham provas suficientes para comprovar a violência sofrida.

Se reconhecer vítima de violência e buscar ajuda de pessoas próximas, como parentes ou amigos, e também do estado não é uma tarefa simples para milhares de mulheres todos os dias. Há muita carga cultural da nossa sociedade que imputa culpa às próprias mulheres pelas violências que sofrem.

Mas o que sabemos e precisa ser falado repetidamente é: nunca a culpa é da vítima. E você mulher não se sinta sozinha porque tem muita gente pronta para estender a mão e oferecer ajuda. Foi com esse mote que o Juntas e Seguras nasceu lá em abril de 2020: divulgar informações de qualidade para que meninas e mulheres pudessem fazer parte uma rede de apoio e acolhimento e se sentirem seguras.

Passados quase 3 anos do surgimento do coletivo e nesta semana que a gente reflete sobre as conquistas, os avanços e também retrocessos de direitos das mulheres em razão do 8M, o Dia Internacional das Mulheres, a pesquisa citada no início desse artigo também traz outro dado importante: 68% das entrevistadas acreditam que ampliar a divulgação de campanhas sobre conscientização e denúncia é uma forma importante para enfrentar as violências contra as mulheres.

Falar sobre as diversas formas de violências contra as mulheres, conscientizar as mulheres vítimas a buscarem ajuda e também conscientizar homens agressores para que reflitam os seus papeis na nossa sociedade é uma tarefa de todos nós e uma ferramenta junto com tantas outras para mudarmos o cenário e enfrentarmos com seriedade as violências contra as mulheres.

Violência doméstica: mulheres clamam para viver longe das agressões
Crédito: Dragana_Gordic/Freepik

É verdade que muita gente sabe que a Lei Maria da Penha existe, mas ainda precisamos continuar falando dela, precisamos continuar falando dos mecanismos de denúncia e ajuda, porque muita gente também não sabe como acessar o sistema e a legislação para poder viver livre de violências.

Quanto mais a gente fala de determinado assunto, mais a sociedade passa a refletir e a buscar soluções para os problemas. Enquanto existirem milhares de meninas e mulheres vivendo com medo e sofrendo todo tipo de violência em casa, nas ruas, no trabalho, na internet, continuarem falando, denunciando e exigindo que a sociedade civil, as empresas, as instituições e o poder público atuem com mais celeridade e firmeza para enfrentar essa pandemia de violências contra as mulheres que persiste ano após ano no Brasil.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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