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É reumatologista da Reuma

Você sabia que é possível ter mais de uma doença autoimune?

Elas podem afetar pessoas de todas as idades e grupos, sem distinção de sexo ou etnia. Estima-se que mais de 30% da população mundial tenha uma doença autoimune sem saber

  • Lidia Balarini É reumatologista da Reuma
Publicado em 07/10/2024 às 12h13

As doenças autoimunes podem acometer qualquer pessoa e, frequentemente, se tem mais de uma ao mesmo tempo. Um exemplo famoso é o do cantor Michael Jackson, que enfrentou o desafio de conviver com vitiligo e lúpus. Mas o que são essas doenças?

As doenças autoimunes, segundo estimativas, afetam cerca de um em cada dez indivíduos e ocorrem quando o sistema imunológico, que deveria proteger o corpo contra invasores externos, como vírus e bactérias, começa a atacar as próprias células e tecidos saudáveis.

Essas condições podem afetar pessoas de todas as idades e grupos, sem distinção de sexo ou etnia. Estima-se que mais de 30% da população mundial tenha uma doença autoimune sem saber, devido à variedade de sintomas e à dificuldade no diagnóstico. No Brasil, embora não existam números exatos, fala-se em cerca de 65 mil pessoas com lúpus, a maioria mulheres.

Além do lúpus e do vitiligo já citados, existem mais de 80 doenças autoimunes descobertas, como esclerose múltipla, artrite reumatoide, psoríase, diabetes tipo 1, doença celíaca, tireoidite de Hashimoto e doença de Crohn. E um novo estudo britânico, publicado no The Lancet, que analisou dados de 22 milhões de pessoas, confirmou que algumas dessas enfermidades tendem a se agrupar, ou seja, uma pessoa com uma primeira condição autoimune tem maior probabilidade de desenvolver uma segunda.

Quando uma pessoa é diagnosticada com três ou mais dessas doenças, a condição é conhecida como Síndrome Autoimune Múltipla (SAM). Os cientistas estão investigando as razões pelas quais algumas pessoas desenvolvem múltiplas doenças autoimunes, e já se sabe que fatores genéticos e ambientais estão ligados a esses distúrbios.

Felizmente, a medicina tem avançado significativamente no tratamento dessas doenças. Além das terapias tradicionais, que incluem imunossupressores e anti-inflamatórios, os remédios biológicos representam uma nova fronteira no cuidado dos pacientes. Esses medicamentos são projetados para interferir em partes específicas do sistema imunológico, reduzindo a inflamação e prevenindo os ataques autoimunes com maior precisão.

No verão, as doenças de pele aumentam e, ao sinal de sintomas delas, a consulta ao especialista é fundamental
Doenças autoimunes. Crédito: Shutterstock

Esses tratamentos biológicos têm mostrado grande eficácia em controlar os sintomas de várias doenças autoimunes, proporcionando aos pacientes uma qualidade de vida muito melhor do que a possível com as terapias mais antigas. No entanto, como o sistema imunológico é complexo, o tratamento com medicamentos biológicos deve ser cuidadosamente monitorado por um especialista, para garantir que seja seguro e eficaz para cada paciente.

A conscientização sobre a complexidade das doenças autoimunes e o acesso a tratamentos modernos são fundamentais para melhorar o prognóstico e o bem-estar dos indivíduos afetados. E, à medida que a pesquisa avança, as opções de tratamento continuarão a evoluir, oferecendo mais qualidade de vida e novas possibilidades para milhões de pessoas em todo o mundo que vivem com essas condições desafiadoras.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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