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Volta do visto de turista: um tiro no pé do governo Lula

Maio número de turistas no país atrai a movimentação do comércio e aumenta o número de consumidores. Como resultado, o país passa a gerar mais empregos e a qualidade de vida das pessoas cresce

  • Mateus Oliveira É associado III do Instituto Líderes do Amanhã
Publicado em 13/03/2023 às 16h34

No ano de 2019, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)  publicou um decreto que dispensava o visto de turismo, negócios, trânsito, realização de atividades artísticas ou desportivas e, em situações excepcionais, por interesse nacional, aos seguintes países: Austrália, Canadá, Estados Unidos e Japão. O período de permanência no país concedido passou para 90 dias, podendo se estender por igual período.

A estimativa do governo era que, com a isenção, o investimento de capital estrangeiro no país aumentasse em razão da força da moeda. Entretanto,  o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgou através do Ministério das Relações Exteriores a volta da exigência do visto, por não haver reciprocidade desses países.

Infelizmente a iniciativa de Lula pode soar aos leigos como algo “justo”, porém, poderá acarretar consequências econômicas graves para um país que está em processo de recuperação econômica. Ao analisarmos os dados do Ministério do Turismo de 2019, conseguimos verificar que os americanos apresentaram, neste ano, um gasto em terras brasileiras de aproximadamente U$ 93 dólares por dia, o equivalente ao câmbio da época aproximadamente R$ 465 reais.

Cabe salientar que, em comparação a outros países, o nosso movimento turístico é inferior. O Ministério do Turismo publicou que, no ano de 2019, o Brasil recebeu cerca de 6,6 milhões de turistas. Infelizmente, se ilude quem acredita que esse número é recorde. Em países como a Argentina, com proporções bem menores que a do Brasil, cerca de 10 milhões de turistas circulam anualmente. Além disso, somente a Torre Eiffel, em Paris na França, recebe mais de 7 milhões de visitantes por ano.

De acordo com o levantamento da Gerência de Inteligência Mercadológica e Competitiva da Embratur junto à Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), 801.110 passagens aéreas já foram adquiridas nos mais variados países do mundo para viajar no Brasil entre dezembro de 2022 e março de 2023. Dentre elas, as passagens americanas correspondem a 19% das vendas, tornando o país com o maior número de turistas.

Esses resultados sofrem influência direta da isenção fornecida pelo ex-presidente. O ranking de turistas internacionais pelo Brasil de janeiro a novembro de 2022 ficou divido em 883.088 argentinos, 373.382 americanos, 256.598 paraguaios, 169.671 chilenos, 158.705 uruguaios 121.542 portugueses, 115.795 franceses, 104.640 alemães, 76.335 ingleses e 74.732 colombianos.

Em contrapartida, no ano de 2018, Austrália, Canadá e Japão juntos somavam menos de 5% da movimentação de turistas anuais no país. Por isso, surgiu a necessidade de atrair esse público para o Brasil, mesmo que sem a reciprocidade de isenção de visto, a fim de que o fluxo econômico do país fosse mais benéfico com a entrada de moeda estrangeira.

Sendo assim, é necessário que seja realizada uma análise além da reciprocidade de isenção. Mundialmente a queda do dólar tem influenciado diretamente a maneira como as pessoas vivem e as escolhas que fazem. Países com moedas fortes são ótimos aliados para a retomada da economia do país. Além de ser benéfico para o próprio governo, o maior beneficiado é o indivíduo.

Notas de dólar e fundo da bandeira dos Estados Unidos
Crédito: Freepik

Isso, porque o maior índice de turistas atrai a movimentação do comércio e aumenta o número de consumidores. Como resultado, o país passa a gerar mais empregos e a qualidade de vida das pessoas cresce. O Brasil é um país em desenvolvimento e infelizmente não conseguiu ainda ingressar na OCDE (Organização da Cooperação e Desenvolvimento Econômico), por isso, é necessário criar estratégias para celebrar boas relações e acordos comerciais com nações ricas que possam alavancar a economia brasileira. Afinal, não podemos esquecer que a dívida externa do Brasil é de cerca de R$ 5,75 trilhões.

Não estamos no momento de cortar boas relações exteriores e pensar em celebrar moeda única com economias em decadência. O Brasil necessita caminhar para frente e não retroceder.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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